Uma das maiores festas do mundo, São João de Caruaru leva multidão à Capital do Forró

Caruaru (EFE).- O triângulo, a zabumba e a sanfona que dão ritmo ao forró são ouvidos em cada esquina de Caruaru, e as ruas da cidade pernambucana são tomadas pelo cheiro de churrasco e milho assado que sai de centenas de barracas de comida típica: bem-vindos à maior festa de São João do mundo.


O São João de Caruaru tem uma dimensão tão grande que pode-se dizer que a cidade se tornou a capital mundial dos festejos juninos.

Para este ano são esperados 4 milhões de visitantes de todo o Brasil, de acordo com a prefeitura local, uma multidão que se soma aos 400 mil habitantes ao longo de dez finais de semana consecutivos, um período que começou em 28 de abril e vai até 1º de julho.


Conhecida como Capital do Forró, Caruaru é embalada por esse ritmo especialmente durante a festa. E o Alto do Moura, bairro de oficinas de cerâmica, bares e restaurantes, é uma das áreas mais animadas da cidade, onde a música ganha ruas e restaurantes desde a manhã até a noite.

Há palcos por toda a cidade onde os forrozeiros se apresentam, e a prefeitura até criou um polo itinerante, que possibilitou levar a festa a 13 comunidades rurais, incluindo o povoado de Juá, que fica a meia hora do centro, em uma área onde não há sequer cobertura de telefonia celular.

Mas os festejos, em pleno crescimento e expansão, não se limitam ao ritmo do forró e reúnem este ano cerca de 1,2 mil artistas dos mais variados gêneros musicais, do sertanejo ao rock.

O palco principal recebe 80 mil pessoas todos os finais de semana, com uma estrutura semelhante à dos grandes festivais internacionais de música, mas com entrada franca. O line-up deste ano inclui artistas renomados como Ivete Sangalo e Gusttavo Lima.

Ao redor do Pátio de Eventos Luiz Gonzaga, tudo lembra o colorido das festas juninas: chapéus de palha, lanternas de papel, fogueiras, brincadeiras tradicionais, apresentações de quadrilhas e artistas.

As quadrilhas são uma atração à parte no São João de Caruaru, tanto que existe um espaço especial para elas, o Polo das Quadrilhas, onde a cada dia da festa um grupo diferente se apresenta, fechando a noite após outras apresentações culturais.

Outra tradição secular e hereditária é a dos “bacamarteiros”, homens vestidos à moda da Guerra do Paraguai (1864-1870) que disparam suas armas munidas com pólvora seca – os bacamartes – todas as noites da festa.

As barracas de comida vendem espetos de carne bovina ou frango, além de doces à base de milho, como pamonha, canjica e cural. Para beber, dois clássicos das festas juninas: vinho quente e quentão, além de cerveja bem gelada e caipirinha.

A gastronomia ocupa um lugar de destaque. Durante os 65 dias do São João de Caruaru, cerca de 50 pratos típicos são servidos em porções gigantescas. No último final de semana, por exemplo, a estrela foi um cuscuz de milho que pesou 600 quilos.


Os números para a economia local festival são igualmente grandes. A injeção de dinheiro na cidade este ano chegará a R$ 600 milhões, de acordo com as projeções mais conservadoras da prefeitura.

Isso é essencial para sustentar os bares e restaurantes, hotéis, transporte e artesãos de cerâmica, que são uma das atrações de Caruaru, e indiretamente beneficia a economia de toda a região?, disse o prefeito da cidade, Rodrigo Pinheiro, à Agência EFE.

“São 65 dias de eventos, mais de 1,2 mil apresentações diferentes. O São João de Caruaru é um dos principais festivais culturais do país. Projetamos que quatro milhões de pessoas passarão pela cidade, dez vezes a sua população, e a programação está sendo cumprida em um clima de tranquilidade e segurança”, concluiu o prefeito.

Rodrigo Pinheiro, prefeito de Caruaru