Helder Barbalho. EFE/Governo do Pará/Marco Santos

Anfitrião da Cúpula da Amazônia, Helder Barbalho defende concessão de áreas protegidas

Carlos Meneses |

Belém (EFE).- Governador do Pará, estado onde nesta semana acontece a Cúpula da Amazônia, Helder Barbalho (MDB) defendeu em entrevista à Agência EFE a concessão à iniciativa privada de áreas protegidas da floresta.

O governador argumentou que “muitas vezes” o poder institucional não tem a capacidade de manter o “controle absoluto” de “milhões de hectares” de territórios florestais.

O Pará, que também vai sediar a COP30 em 2025, em Belém, foi responsável por 37% de todo o desmatamento registrado na Amazônia brasileira em 2022, de acordo com dados da ONG Imazon, e tem graves problemas com o garimpo ilegal.

Por outro lado, Helder Barbalho ressaltou os esforços dos últimos meses que levaram o Pará a deixar o primeiro lugar no ranking dos estados brasileiros mais destruidores da maior floresta tropical do planeta.

“Pela primeira vez, o Pará não é o primeiro colocado. Os números são ideais? Não. Nosso desafio é apresentar um estado que era um problema como uma solução”, disse.

Concessão de manejo da floresta

Entre as soluções, ele quer conceder ao setor privado áreas públicas da floresta amazônica.

Nesse sentido, o governador afirmou que neste mesmo semestre serão realizados “dois processos de concessão” para o manejo de áreas florestais por empresas privadas.

O primeiro envolverá “três blocos de concessão de florestas públicas” como parte do processo de conservação dessas áreas.

Para o segundo, ele pretende conceder a Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, que, segundo Barbalho, é a área que sofre “a maior pressão” de “atividades irregulares” na região.

“Conseguimos retomar áreas que foram ocupadas, desmatadas pelo homem, e a partir daí estudamos o bioma desse território e vamos apresentar, ainda neste semestre, a primeira concessão pública do Brasil para a regeneração” e “restauração desse patrimônio”, explicou.

O governador não considera arriscado ceder vastas áreas de floresta tropical ao setor privado visando a proteção porque entende que “o Estado brasileiro pode cumprir um processo de fiscalização contratual”.

Monetização

Outra de suas apostas é “monetizar” o fato de manter a floresta tropical protegida.

“A floresta viva tem que valer mais do que a floresta morta. Hoje, infelizmente, o que vemos é que a floresta derrubada tem muito mais valor econômico do que a floresta em pé. Precisamos mudar isso”, enfatizou.

Nesse contexto, ele acredita que a conservação da Amazônia precisa ter uma “perspectiva econômica” para que a população apoie esse modelo de desenvolvimento sustentável e sejam gerados “empregos verdes” e “renda” para a sociedade.

“O que não pode acontecer é que países que optaram pela industrialização de suas economias, que emitem gases de efeito estufa, nos proponham, sem que haja um financiamento climático, a mera responsabilidade de ter que apresentar uma agenda de soluções climáticas baseada na preservação da floresta, sem que isso seja monetizado”, argumentou.

“É fundamental avançar no financiamento climático para mudar os usos do solo e viabilizar alternativas econômicas de baixo carbono com empregos verdes”, acrescentou.

Para ele, esse é o grande desafio da Amazônia: conciliar a preservação ambiental com a “necessidade” de um modelo de “desenvolvimento social” para as populações locais.

E, ainda segundo o governador, o Brasil deveria “liderar esse processo” entre os países amazônicos, já que possui a maior parte da superfície do bioma (60%). EFE