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Santander crê que mercado de crédito no Brasil ainda não iniciou recuperação

São Paulo (EFE).- O presidente do Santander Brasil, Mario Leão, disse nesta terça-feira que o mercado de crédito no país sul-americano ainda não começou a se recuperar e só prevê uma clara melhora a partir de 2024.

“O mercado ainda não começou a melhorar (…) acho que ao longo deste ano o apetite não vai mudar”, afirmou Leão em uma entrevista coletiva na qual comentou os resultados financeiros trimestrais do banco, que mostraram uma queda “significativa” nos lucros em relação ao ano passado.

No entanto, Leão previu que os lucros do banco devem se recuperar gradualmente “trimestre a trimestre”, retomando um crescimento “mais forte” a partir do primeiro trimestre de 2024, com um cenário econômico “mais favorável”.

No primeiro trimestre de 2023, o Santander Brasil lucrou R$ 2,14 bilhões (US$ 422 milhões), 46,6% a menos que no mesmo período do ano passado, segundo números divulgados pela filial brasileira, que diferem dos apresentados pela matriz.

De acordo com os dados divulgados hoje na Espanha, que incluem os de outras empresas brasileiras do Grupo Santander, o lucro atribuível foi de 469 milhões de euros (cerca de US$ 515 milhões ou R$ 2,61 bilhões), 25,2% a menos do que no primeiro trimestre de 2022.

Leão declarou que esses números do primeiro trimestre não são “nenhuma surpresa” e o resultado de decisões tomadas pelo banco desde o final de 2021 para restringir a expansão de sua carteira de crédito.

No Brasil, esse segmento sofreu principalmente por causa das taxas de juros – a Selic permanece em 13,75% desde meados do ano passado.

Os resultados do primeiro trimestre também foram afetados pela decisão do banco de reforçar a conta de provisões com R$ 4,236 bilhões.

Esse valor corresponde a uma reserva que o banco havia constituído para cobrir um possível pagamento de impostos, que depende de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

A evolução do processo judicial levou o banco a considerar que não terá de fazer esse pagamento, mas, mesmo assim, a administração optou por manter esse valor na conta de provisões, em vez de inflar os lucros no primeiro trimestre.

O diretor do Santander Brasil explicou que a decisão responde a uma estratégia “prudente”, com o objetivo de “criar um colchão” e se preparar para possíveis riscos futuros.

Leão também explicou que o banco vai manter a estratégia de melhorar a qualidade de sua carteira de empréstimos e se concentrar em clientes de alta renda.

“Prefiro crescer menos, mas com mais qualidade”, ressaltou Leão.

No último ano, o Santander, que conta com 61,6 milhões de clientes no país, conquistou 1,9 milhão de clientes líquidos, um crescimento de 12%, e o segmento de alta renda atingiu 834 mil clientes, um aumento de 36%.

Essa estratégia “seletiva”, segundo Leão, possibilitou a manutenção de taxas de inadimplência praticamente estáveis, que em 90 dias estão em 3,2%, chegando a 4,5% no segmento de pessoa física. EFE