Tóquio, 30 nov (EFE).- Um novo teste clínico confirmou a eficácia do medicamento experimental lecanemab, para reduzir os efeitos do Alzheimer, embora também tenha apontado os efeitos adversos e a necessidade de pesquisas mais prolongadas.
O estudo de fase três, publicado pelo The New England Journal of Medicne, foi realizado em diversos centros médicos durante 18 meses, em um total de 1.795 pacientes com idades que variavam de 50 a 90 anos, todos nas primeiras etapas da enfermidade.
Os resultados do teste clínico mostram que o anticorpo monoclonal “reduz os marcadores de amiloides no Alzheimer precoce, e gera uma redução moderadamente inferior nas medições cognitivas e de funções, em comparação com o placebo”.
Em particular, o medicamento permitiu reduzir esse declive em, aproximadamente, um quarto, durante os 18 meses que durou o estudo.
Testes mais prolongados são necessários
As conclusões do estudo apontam, no entanto, que o remédio “foi associado a efeitos adversos”, e destaca a necessidade de “testes mais prolongados para determinar a eficácia e a segurança do lecanemab no Alzheimer precoce”.
Os dados do estudo, que foi publicada no The New England Journal of Medicne, revelam que dos 1.795 participantes do teste, 898 receberam o medicamento e 897 um placebo.
“No fim do teste, entre os pacientes do grupo do lecanemab, houve registro de 0,7% de mortes e no grupo do placebo 0,8%.
A análise aponta que nenhum óbito esteve ligado ao lecanemab, e indica que foram produzidos efeitos adversos graves em 14% dos integrantes do grupo do medicamento, e 11,3% nos demais.
Os resultados sobre a eficácia do remédio são semelhantes aos anunciados em setembro do ano passado pela companhia farmacêutica japonesa Eisai e pela americana Biogen, responsáveis pelo desenvolvimento do lecanemab, em estudo que conduziram.
Na ocasião, o teste mostrou uma redução de 27% da piora dos sintomas entre o grupo que recebeu o medicamento, comparado com o que recebeu o placebo, e que, já a partir dos seis meses, “o tratamento mostrou mudanças estatisticamente significativas” na evolução cognitiva, segundo as empresas.
A Eisai e a Biogen programa iniciar em janeiro do ano que vem o procedimento para pedir autorização da comercialização do medicamento nos Estados Unidos e, logo depois, no Japão e Europa.
Morte registrada
Dias atrás, a revista científica Science publicou um artigo em que alerta para o registro de uma segunda morte entre pessoas que participavam do teste do lecanemab, uma mulher de 65 que sofreu hemorragia cerebral.
A publicação aponta que alguns pesquisadores relacionam essa hemorragia com o medicamento experimental.
Alguns especialistas citados pela Science insistiram na importância de que órgãos reguladores acirrem as precauções antes da aprovação do lecanemab e levem em conta os significativos efeitos secundários já registrados, diante das muitas incógnitas. EFE