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Robôs e inteligências artificiais mostram “lado mais humano” em cúpula da ONU

Juan Verano |

Genebra (EFE).- Robôs de última geração e inteligências artificiais, sob a forma de humanoides, se reúnem nesta quinta-feira e amanhã em uma cúpula promovida pelas Nações Unidas para mostrar como estas tecnologias podem cumprir fins sociais e ajudar pessoas que necessitam de cuidados ou vulneráveis.

A Cúpula Global de Inteligência Artificial a Serviço do Bem, organizada pela União Internacional das Telecomunicações (UIT), o braço tecnológico da ONU, recebe nesta semana, em Genebra, dezenas de inventores, desenvolvedores e androides que oferecem uma versão amigável da IA.

Entre as tarefas que demonstram ser capazes de realizar estão certas práticas de enfermagem, cuidados com bebês, atendimento ao cliente, criação artística e interação com idosos ou pessoas com necessidades especiais.

Entre os robôs em exposição na cúpula está o PARO, um adorável dispositivo que se assemelha a uma foca bebô e que foi desenvolvido pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Industrial Avançada do Japão.

O seu criador, o doutor Takanori Shinata, disse à Agência EFE que a criação – conhecida em inglês pelo nome comercial, Nuka – é um dispositivo médico e terapêutico que pode ser usado para apoiar pacientes com depressão, ansiedade, demência, Parkinson, síndrome de Down, autismo ou até mesmo câncer.

As suspeitas iniciais dos usuários são um dos principais problemas enfrentados pelos robôs humanoides e pelos seus criadores.

A professora da Universidade de Genebra Nadia Magnenat – que serviu de modelo para o robô social Nadine – reconhece que lidar com robôs é difícil para algumas pessoas, que preferem fazer os seus negócios ou pedir indicações a pessoas reais em vez de autômatos.

No entanto, “ao fim de algumas horas, as pessoas se habituam”, disse a professora Magnenat.

Chama a atenção o caso dos robôs de conversação Furhat, projetados pela empresa sueca Furhat Robotics para “acalmar os usuários e criar confiança”.

Os dispositivos Furhat consistem em um busto equipado com um projetor que reflete diferentes rostos em uma máscara de plástico que pode ser personalizada para se assemelhar ao rosto de uma pessoa real ou de uma personagem animada.

A Furhat Robotics pretende dar às IA uma aparência mais humana para facilitar a interação com elas em estações de trem, aeroportos, consultórios médicos e outros locais com muita gente.

“Não se trata apenas de avatares. Não são apenas avatares, são algo que podemos sentir que nos ouvem”, disse à Agência EFE um dos seus inventores, Nils Hagberg.

Carrinhos de bebê autônomos

No entanto, nem todos os dispositivos que participam na cúpula de Genebra são semelhantes aos humanos.

O carrinho de bebê inteligente “Ella”, que possui um sofisticado sistema de freios e condução autônoma que lhe permite se deslocar praticamente sozinho ou ser programado para se deslocar à frente ou ao lado do cuidador, enquanto este fala ao telefone ou segura as compras.

Embora a interação entre máquinas e seres humanos esteja no centro do debate global sobre a IA, alguns dispositivos são elaborados para servirem apenas como emissores de informação.

É o caso do Geminoid HI-2, um androide japonês operado à distância pelo seu criador, Hiroshi Ishiguro.

Desenhado como um avatar do próprio inventor, o Geminoid HI-2 é capaz de fazer longos discursos, palestras e aulas, mas não pode responder a perguntas espontâneas dos ouvintes.

De fato, vários dos colegas robóticos do Geminoid HI-2 falarão na sexta-feira em uma muito aguardada entrevista coletiva na qual responderão aos jornalistas, naquele que será o primeiro evento do gênero. EFE