O vice-presidente de Relações Públicas da Huawei para a América Latina e o Caribe, Atilio Rulli. EFE/André Coelho

Incentivos fiscais poderiam contribuir para transformação digital na América Latina, diz Huawei

Rio de Janeiro (EFE) – Os altos impostos cobrados ao setor de tecnologias de informação e comunicação (TIC) nos países da América Latina e a variação cambial criam um cenário que se apresenta como o maior desafio para a transição digital na região, segundo a multinacional chinesa Huawei.

O vice-presidente de Relações Públicas da Huawei para a América Latina e o Caribe, Atilio Rulli, destacou em entrevista à Agência Efe que esta é a região do mundo com maior potencial para receber investimentos e avançar na transição digital, mas ele lamentou a existência das barreiras que atrasam o processo.

“Se tivéssemos algum tipo de incentivo, como isenções fiscais para o setor de TIC, como acontece em países mais desenvolvidos, as implementações seriam mais rápidas e mais baratas”, disse.

O executivo também afirmou que a flutuação cambial não é uma exclusividade da América Latina, mas lembrou que a região está mais exposta diante de acontecimentos como eleições ou “conflitos”, assim como ao desempenho da economia global e às alterações das taxas de juros nos Estados Unidos.

“Os insumos e os equipamentos necessários para a implementação tecnológica são importados, e estão sujeitos ao preço do dólar. Além disso, as empresas fazem as compras para montar a infraestrutura em dólares e depois vendem o serviço em moedas locais”, acrescentou.

O vice-presidente de Relações Públicas da Huawei para a América Latina e o Caribe, Atilio Rulli. EFE/André Coelho

Grandes investimentos na América Latina

Rulli explicou que, considerando as infraestruturas já existentes, a América Latina é o mercado com maior potencial de desenvolvimento para a transformação digital no mundo, razão pela qual vem atraindo a atenção de várias empresas do setor, incluindo a Huawei.

“A América Latina tem muito o que investir e digitalizar. Há uma defasagem em TIC que ainda é grande e, por isso, há mais espaço neste mercado do que regiões”, ressaltou.

O executivo explicou que a região é estratégica para a Huawei, que, há três anos, trouxe seu segmento de Cloud para a região e, nesse curto período, conseguiu se consolidar localmente como o quarto maior provedor do serviços em termos de crescimento e quota de mercado.

A empresa conta, atualmente, com dois centros de dados no Brasil, dois no México, dois no Chile, um no Peru e um na Argentina.

E durante a cúpula Huawei Cloud Latam, realizada nesta semana no Rio de Janeiro, a empresa chinesa anunciou a instalação de um novo centro de dados no México, outro no Chile e o primeiro na Colômbia, com o objetivo de expandir e melhorar a oferta de serviços na região.

“A estratégia da Huawei é continuar a investir nos países da América Latina e apoiar cada vez mais os governos da região, que são grandes consumidores das TICs diante do processo de transformação digital e migração para nuvens pelo qual estão passando, que é mais lento e robusto do que o das empresas privadas”, revelou.

Para Rulli, a região é constituída por países muito heterogêneos, com demandas muito e indicadores de maturidade e digitalização muito diferentes, motivo pelo qual é necessário se adaptar ao momento de cada um para oferecer os recursos adequados.

Brasil é líder em transição digital na América Latina

Entre os países da América Latina, o Brasil se consolidou como líder no processo de transformação digital ao oferecer por meios digitais 85% dos serviços do governo federal.

Alguns destes projetos são apoiados pela Huawei, que coopera com os governos da maioria dos países da região.

Entretanto, se a oferta de serviços digitais no Brasil é referência, de acordo com Rulli, ainda há muito o que melhorar em termos de conectividade por habitante e cobertura, fatores que poderiam contribuir para a expansão e a aceleração do processo de transição.

Os pilares da transição digital

Segundo o executivo da Huawei, a inteligência artificial, a Internet das coisas (IoT na sigla em inglês), o 5G e a computação em nuvem são as tecnologias que propulsionam a transformação digital.

Rulli destacou que a implementação do 5G, que está em curso em países como Brasil, México, Chile e Uruguai, irá resolver um dos principais problemas de infraestrutura, que é a velocidade de conectividade, o que representará um grande avanço para estas nações.

“Estas quatro grandes tecnologias, que dependem umas das outras para funcionar corretamente, são as ferramentas que impulsionam e que constituem os pilares para uma transformação mais rápida e mais eficaz”, concluiu. EFE

O vice-presidente de Relações Públicas da Huawei para a América Latina e o Caribe, Atilio Rulli. EFE/André Coelho