Paula Cabaleiro |
Madri (EFE).- “A cultura é de todos”, assim como a “responsabilidade” de mantê-la “viva e saudável”, diz o músico Carlinhos Brown, embaixador ibero-americano da cultura desde 2018, quando se tornou o primeiro músico brasileiro de ascendência africana a receber esse título.
Desde então, Brown tem concentrado todos os seus esforços no fomento da educação como forma de combater a exclusão e a desigualdade.
“Se soubermos quem somos, de onde viemos e por que nos comportamos como nos comportamos, poderemos combater os maiores problemas” da humanidade, como o racismo”, comentou em entrevista à Agência EFE em Madri.
Carlinhos Brown está na capital espanhola por causa do Dia Internacional da Ibero-América e nesta quarta-feira participará de um encontro aberto ao público na Casa de América.
O cantor, percussionista, compositor, artista plástico e ativista social afirmou que “a cultura é o elo de ligação entre os 22 países ibero-americanos”.
Em novembro de 2019, os ministros das Relações Exteriores dos 22 países da região aprovaram a celebração do Dia da Ibero-América a cada 19 de julho, data em que foi assinada a primeira declaração dos chefes de Estado ibero-americanos em Guadalajara, México, em 1991.
Nessa data, desde 2020, é destacado o conjunto de afinidades históricas e culturais que constituem a comunidade ibero-americana e defendida a unidade e o desenvolvimento baseados no diálogo, na cooperação e na solidariedade.
Brown confessa se sentir “muito grato” à Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB) pela atribuição do reconhecimento de embaixador, que lhe foi atribuído pelo seu “propósito de divulgar a cultura”.
A educação como foco da cultura
De acordo com o músico, “quando um homem sabe de onde vem, isso o ajuda a se compreender e se rejeitar menos”, algo “básico para a redução da violência” que existe atualmente em todo o mundo.
“Acredito que o meu papel como embaixador da cultura serve para que busquemos um alento, para que possamos reparar os nossos erros”, opinou.
Brown explica que o seu maior desafio neste momento é fazer com que a cultura “seja vista como algo compartilhado e respeitado, e não apenas como algo festivo e carnavalesco”.
Unidade nas diferenças
São 22 os países que compõem a Ibero-América e, apesar de ver muitas diferenças entre eles, Brown acredita que “não estamos tão afastados” como parece e que devemos usar a cultura para “encontrar a unidade nas diferenças” entre todos os povos.
O artista diz ter encontrado uma fonte de inspiração no centro internacional de cultura e criação artística da prefeitura de Madri, localizado em um antigo matadouro, porque os seus projetos se concentram na “recuperação do patrimônio histórico”.
No encontro musical desta quarta-feira na Casa de América, Brown será acompanhado por Mariella Köhn, cantora, poeta e musicóloga peruana, e pela espanhola Soledad Giménez.
Como o próprio explica, “não se trata de um concerto nem de uma palestra”, mas de um “encontro espontâneo” em que tocarão instrumentos e peças musicais em que “a alma da Ibero-América” estará presente. EFE