Alex Atala leva ingredientes amazônicos para a gastronomia de Valência

Pilar Salas.

Madri (EFE).- Aos 55 anos, o brasileiro Alex Atala acredita ter cumprido a “missão de vida” que se propôs como chef há duas décadas, de garantir que os produtos amazônicos estivessem nas lojas e restaurantes, embora acredite que a gastronomia brasileira ainda está “em processo de amadurecimento”.

Atala passou a última semana em Valência, na Espanha, onde cozinhou no Ricard Camarena Restaurant, agraciado com duas estrelas Michelin, e se apaixonou pela paella, o choco com maionese, o arroz com lagosta e laranjas…

Já em seu primeiro livro, “Alex Atala – Por uma gastronomia brasileira” (2003), com prefácio do espanhol Ferran Adrià, deixou claro seu compromisso de divulgar e popularizar os produtos “do Brasil profundo” e se orgulha de ter conseguido.

Ainda assim, acredita que a gastronomia do país ainda está “em processo de amadurecimento” e que precisa de “mais tempo e mais chefs” para ser mais relevante.

De fato, há apenas nove restaurantes brasileiros na lista dos 50 Melhores Restaurantes da América Latina, cujo pódio costuma ser ocupado por peruanos. “O que o Peru tem feito com sua gastronomia está nos ajudando muito”, reconheceu Atala.

Além disso, considera que os restaurantes brasileiros no exterior têm “um nível muito baixo” porque “não se exportam produtos de qualidade”, apesar de sua riqueza e variedade.

A pandemia

A pandemia, como para muitos, foi um divisor de águas em sua carreira e em sua vida. Forçado a fechar o D.O.M., em São Paulo, por sete meses, teve que aprender não só que era capaz de trabalhar na cozinha, como delegou mais à sua equipe e pisou no freio.

“Agora já não me levo tão a sério”, garantiu, como quando começou o seu “romance com a cozinha”, que o levou à Europa para se formar e trabalhar como DJ e pintor para ganhar a vida.

Em 1999 abriu o D.O.M, uma vitrine da culinária amazônica que tem duas estrelas Michelin e ocupa a 33ª posição entre os 50 melhores restaurantes latino-americanos. Mesmo com o sucesso consolidado, Atala projeta mudanças.

“Quero fazer um D.O.M. diferente e tenho pensado muito no ato primitivo de comer com as mãos, mas ainda não tenho uma direção clara”, comentou.

O convite para cozinhar feito por seu colega Ricard Camarena permitiu-lhe desfrutar durante alguns dias da gastronomia valenciana, e de delícias como a paella, o arroz meloso com lagosta e o choco com maionese.

A visita a pomares, mercados e restaurantes, e a própria cidade, inspiraram-no a criar, juntamente com Camarena, o menu “Jam Sessión: del Amazonas al Mediterráneo”, que ofereceram durante dois dias no restaurante valenciano de mesmo nome. EFE