O presidente dos EUA, Joe Biden. EFE/Arquivo/Jim Lo Scalzo

Biden irá rever relação com Arábia Saudita após corte na oferta de petróleo

Washington (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pretende rever sua relação com a Arábia Saudita devido ao acordo de Riad com a Rússia para reduzir a oferta de petróleo, indo contra os interesses de Washington, segundo informaram a Casa Branca e o Departamento de Estado americano nesta terça-feira.

“Precisamos reavaliar nossa relação com a Arábia Saudita e ter um relacionamento diferente, especialmente após a decisão que foi tomada na Opep+”, disse a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, em entrevista coletiva.

Jean-Pierre acusou os sauditas de “se alinharem indubitavelmente com a Rússia” com a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) de cortar sua produção de petróleo em dois milhões de barris por dia.

“O presidente revisará nosso relacionamento bilateral com os sauditas. Ele o revisará com o Congresso e com países ao redor do mundo e tomará medidas que sejam de nosso interesse”, declarou, por sua vez, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, em outra entrevista coletiva.

EUA consideram decisão da Opep+ um erro

Price tachou como “erro” e “decepção” a decisão da semana passada da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+), liderada por Arábia Saudita e Rússia, de cortar a produção de petróleo em um momento no qual os EUA estavam pedindo um aumento do bombeamento para impedir a alta de preços.

O porta-voz do Departamento de Estado denunciou que esta medida servirá apenas “aos interesses de curto prazo da Rússia, que se beneficiará dos altos preços do petróleo” e aliviará as sanções que o Ocidente lhe impôs pela invasão da Ucrânia.

“Nas próximas semanas e meses, consultaremos nossos aliados e o Congresso sobre decisões sobre como deveria ser essa relação (com a Arábia Saudita) e como deveria mudar”, destacou Price.

O porta-voz, no entanto, evitou se posicionar sobre posturas específicas, como a do presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, o democrata Bob Menéndez, que defende a suspensão das relações com Riad.

“Há membros do Congresso que têm ideias sobre como mudar o relacionamento para melhor atender aos interesses dos Estados Unidos. Queremos ouvir suas propostas”, afirmou Price sem entrar em detalhes.

Apesar da decisão da Arábia Saudita, o porta-voz negou que a viagem de Biden ao país árabe em julho tenha sido um “erro”.

Na ocasião, o presidente americano visitou a cidade saudita de Jidá para pedir o aumento da produção de petróleo, em uma viagem que lhe rendeu muitas críticas por seu encontro com o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, a quem havia prometido tratar como “pária” por conta do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi.

“Não foi um erro porque, como já dissemos, não abordamos apenas um dos nossos interesses. Vários interesses foram atendidos”, justificou Price. EFE