A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, durante uma entrevista coletiva nesta quinta-feira. EFE/Lenin Nolly

FMI abre porta para mudar condições de acordo com Argentina

Washington (EFE).- A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, abriu nesta quinta-feira a porta para alterar as condições do acordo com a Argentina, mas alertou que “não serão flexíveis” se constatarem que essas mudanças podem ir contra os interesses dos argentinos.

“Nunca consideramos que o programa está escrito em pedra, as condições mudaram significativamente. Mas não seremos flexíveis contra os interesses dos argentinos”, disse Georgieva durante entrevista coletiva por ocasião das reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial, realizadas esta semana em Washington.

A diretora-gerente reconheceu que há “pressões” por parte dos cidadãos argentinos para ir contra a redução dos gastos públicos, que é o que o Fundo exige para continuar com os desembolsos milionários contemplados pelo programa.

“Estamos satisfeitos em ver que (o ministro da Economia, Sergio) Massa leva sua responsabilidade muito a sério”, acrescentou Georgieva, que se reuniu com o ministro argentino no início de setembro.

Pouco depois dessa reunião, o FMI anunciou um acordo com as autoridades argentinas para fechar a segunda revisão do acordo de refinanciamento da dívida, que permite ao país ter acesso a um fundo de cerca de US$ 3,8 bilhões.

A revisão trimestral faz parte do Programa de Financiamento Ampliado (EFF) que o Executivo argentino e o FMI fecharam no final de março para refinanciar um empréstimo de mais de US$ 40 bilhões.

A equipe técnica do Fundo e as autoridades argentinas concordaram que os objetivos estabelecidos na aprovação do acordo “permanecerão inalterados” até 2023, incluindo aqueles relacionados ao déficit fiscal primário (2,5% do PIB em 2022) e às reservas internacionais líquidas (US$ 5,8 bilhões para este ano).

Nesse sentido, o organismo multilateral explicou que o novo quadro macroeconômico reflete “um ambiente global mais difícil” e as recentes “pressões” do mercado interno, que obrigaram a corrigir em alta as previsões de inflação, que acumularam um aumento de 56,4% nos primeiros oito meses do ano, razão pela qual está a caminho de ultrapassar a faixa de 52%-62% prevista para este ano. EFE