Alberto Fernández (d) e Juan Manzur. EFE/Arquivo/Natacha Pisarenko POOL

Argentina critica “ações isoladas” do Mercosul após alerta ao Uruguai

Buenos Aires (EFE).- A Argentina afirmou nesta quarta-feira que as decisões tomadas pelos países que compõem o Mercosul, que impactem os demais membros, devem ser “consensuais” e não “ações isoladas”.

A afirmação foi do chefe do Gabinete de Ministros do governo de Alberto Fernández, Juan Manzur, minutos depois de Argentina, Brasil e Paraguai enviarem um alerta ao Uruguai por conta de seu interesse em negociar um acordo de livre-comércio fora do bloco.

“No marco desse diálogo e dessa aproximação e gerando os consensos necessários, que as decisões que se tomem e que impactem cada um dos países sejam decisões consensuais e não ações isoladas muitas vezes de alguns dos países”, disse à imprensa Manzur, que considerou que os países que compõem a união aduaneira “estão sempre trabalhando na ideia de fortalecer o órgão”.

Esse é o mesmo tom do comunicado conjunto que os coordenadores de Argentina, Brasil e Paraguai no Grupo Mercado Comum do Mercosul enviaram ao Uruguai nesta quarta-feira, ressaltou Manzur.

Os três países advertiram que “se reservam o direito de adotar as eventuais medidas que considerem necessárias para defender seus interesses nas esferas jurídica e comercial” caso o Uruguai continue com as negociações individuais.

Acordos comerciais individuais e adesão a novos blocos

Os parceiros do Uruguai expuseram sua posição em resposta às “medidas do governo uruguaio destinadas à negociação individual de acordos comerciais com dimensões tarifárias” e diante da intenção do parceiro de apresentar uma petição de adesão ao Tratado Integral e Progressista de Parceria Transpacífica (CPTPP).

A área de livre-comércio à qual o Uruguai quer aderir tem como sócios Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Cingapura e Vietnã.

As regras do Mercosul só permitem que os países do bloco negociem acordos de livre-comércio com outros países em conjunto com seus parceiros e vetam negociações individuais.

As divergências no Mercosul ocorrem a apenas seis dias da cúpula que os presidentes dos quatro países terão em Montevidéu e na qual o Uruguai entregará à Argentina a presidência temporária do bloco.

O governo de Luis Alberto Lacalle Pou havia anunciado a intenção de solicitar na próxima quinta-feira sua adesão ao chamado Acordo Transpacífico, que prevê reduções de barreiras comerciais e tarifas entre seus países-membros.

O Uruguai também tomou medidas para negociar um acordo bilateral de livre-comércio com a China. EFE