Pierre-Olivier Gourinchas. EFE/Arquivo/Lenin Nolly

FMI: América Latina crescerá ligeiramente em 2023, mas sofrerá com inflação

Washington (EFE).- As economias da América Latina e do Caribe crescerão ligeiramente em 2023, mas continuarão enfrentando a alta inflação, segundo o novo relatório de Perspectivas Econômicas Mundiais do Fundo Monetário Internacional (FMI), publicado nesta terça-feira.

O documento estima que a região crescerá 1,6% em 2023, dois décimos abaixo do que se esperava anteriormente, e longe do crescimento de 4% registrado em 2022.

Isso porque muitos países latino-americanos são exportadores de matérias-primas, algo que jogou a seu favor no ano passado, graças ao aumento dos preços dos alimentos ou dos combustíveis causado pela invasão russa da Ucrânia, mas que vai dificultar seu crescimento neste ano.

“Em 2022, os preços das commodities começaram a subir, depois começaram a cair e devem cair ainda mais em 2023”, explicou o diretor do Departamento de Estudo do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, em coletiva de imprensa por telefone.

Isso, juntamente com os aumentos agressivos das taxas de juros de muitos bancos centrais para conter a inflação, tirou “algum impulso” da região, à medida que os governos começam a desfazer alguns dos programas de ajuda fiscal que adotaram durante a pandemia.

Em suma, a América Latina tem se mostrado “muito resiliente” aos desafios dos últimos anos, disse a vice-diretora do Departamento de Estudos do Fundo, Petya Koeva-Brooks.

No caso do emprego, “já vemos níveis superiores aos anteriores à pandemia”, assegurou.

No entanto, as pressões inflacionárias continuarão altas em muitos países, especialmente na Argentina, onde o Fundo projeta uma inflação superior a 98% para 2023, e na Venezuela, onde chegará a 400%.

As principais economias da região terão um crescimento muito moderado ao longo de 2023, em linha com as perspectivas econômicas mundiais.

É o caso do México, que crescerá 1,8% em 2023, depois de ter registrado um aumento de seu Produto Interno Bruto (PIB) de 3,1% em 2022.

A cifra vai moderar ainda mais em 2024, para 1,6%, enquanto a inflação passará de 6,3% este ano para 3,9% no ano que vem.

O Chile, por sua vez, é o único país latino-americano que viverá uma recessão, segundo dados do FMI, que projeta uma queda de um ponto percentual do PIB para 2023.

O país se recuperará em 2024 e crescerá 1,9%, segundo as projeções. Até lá, a inflação se situará em 4%, após ter caído para 7,9% neste ano.

Já a Colômbia experimentará um crescimento muito moderado de 1% em 2023 e 1,9% em 2024. A inflação crescerá este ano, para 10,9%, mas recuará para 5,2% no ano que vem.

Finalmente, o Brasil, um dos primeiros países a começar a aumentar as taxas de juros para conter a espiral inflacionária, verá seu PIB crescer apenas 0,9% este ano, enquanto a inflação cairá para 5%.

Em 2024, o país crescerá 1,5% e manterá a inflação em 4,8%, segundo projeções do Fundo.

Os países da América Central ganharão um pouco mais de força, com o FMI prevendo um crescimento de 3,8% tanto em 2023 quanto em 2024, enquanto a inflação será gradualmente reduzida para 5,5% neste ano e até 4% no ano que vem.

A região que mais crescerá será o Caribe, cujo PIB avançará 9,9% neste ano, embora com inflação de 13,5%, e voltará com força em 2024, quando registrará alta de 14,1%, já com a inflação mais moderada em torno de 6,8%. EFE