A diretora gerente do FMI, Kristalina Georgieva. EFE/Arquivo/SHAWN THEW

FMI acredita que déficits públicos seguirão crescendo apesar da recuperação

Washington (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que os déficits públicos continuarão a crescer nos próximos anos, apesar da recuperação econômica após a crise provocada pela pandemia, de acordo com seu novo relatório de supervisão fiscal publicado nesta quarta-feira.

“Nas projeções atuais, o endurecimento fiscal gradual previsto não será suficiente para impedir que os índices da dívida pública retornem a uma tendência ascendente, à medida que o Produto Interno Bruto (PIB) nominal desacelera”, afirma o documento.

O Fundo estima que os déficits públicos subirão para atingir 5% do PIB em média – embora com grande variação entre os países -, uma vez que os governos “enfrentam taxas de juros mais altas e pressões para aumentar o gasto público, incluindo despesas com pensões e salários para atingir o nível de inflação”.

Será o caso dos Estados Unidos, onde o déficit público crescerá este ano para 6,3% do PIB, depois de ter registrado taxas de 14% e 11% em 2020 e 2021, respectivamente, devido aos gastos públicos para superar a pior fase da pandemia de covid-19.

O número continuará crescendo até atingir 7,1% em 2025, antes de começar a diminuir ligeiramente nos dois anos seguintes.

Da mesma forma, a dívida dos EUA aumentará progressivamente nos próximos anos e atingirá níveis superiores aos registrados durante o pior da pandemia.

Em 2023, a dívida da maior economia do mundo deve se situar em 122,2% do PIB, uma cifra que aumentará gradualmente e ficará em 136,2% em 2028.

O pico anterior apontado pelos números do FMI foi em 2020, quando a dívida dos Estados Unidos atingiu 133,5% de seu Produto Interno Bruto.

Por outro lado, a China reduzirá gradualmente seu déficit público, embora o nível de endividamento da segunda maior economia do mundo também vá crescer nos próximos anos e se situar em 104,9% do PIB em 2028.

Segundo o relatório, o gigante asiático vai registrar um déficit de 6,9% em 2023, seis décimos abaixo do que teve no ano passado. A taxa cairá para 6,4% em 2024 e, em 2028, será de 6% do PIB.

Quanto à dívida, o Fundo estima que seja de 82,4% do PIB em 2023, cifra que aumentará para 87,2% em 2024.

Incerteza fiscal

A entidade destaca que a situação fiscal mundial está sujeita a grande incerteza, devido à desaceleração do crescimento e à política de juros altos de muitos bancos centrais para conter a alta da inflação.

Em suma, o FMI recomenda políticas de endurecimento fiscal para ajudar a reduzir a inflação, que sejam compensadas por incentivos aos grupos mais vulneráveis, para evitar que todo o peso das medidas contra o aumento de preços caia sobre o aumento das taxas de juros.

“Uma política fiscal mais restritiva – ao mesmo tempo em que se dá apoio direcionado aos mais vulneráveis ​​- deve complementar os esforços das autoridades monetárias para levar a inflação de volta à meta e permitir que os bancos centrais aumentem menos as taxas de juros”, destaca o documento.

Os especialistas do organismo alertam que as perspectivas fiscais no curto prazo são “incertas” em parte devido ao aumento da inflação, que se tem revelado mais persistente do que o esperado, e à recente instabilidade no setor bancário. EFE