O ex-presidente do Fed, Ben Bernanke. EFE/Arquivo/Michael Reynolds

Trio com ex-presidente do Fed ganha Prêmio Nobel de Economia

Copenhague (EFE).- Os americanos Ben Bernanke, Douglas Diamond e Philip Dybvig foram anunciados nesta segunda-feira como ganhadores do Prêmio Nobel de Economia de 2022 pela contribuição que deram para melhorar a resposta da sociedade às crises financeiras.

O prêmio da Real Academia Sueca de Ciências reconheceu as “pesquisas sobre bancos e crises financeiras” do trio, que mostraram, por exemplo, a importância de evitar colapsos bancários em larga escala e reforçaram o conhecimento sobre essas instituições, sua regulamentação e como administrar grandes recessões.

As análises de Diamond e Dybvig sobre a importância dos bancos e sua vulnerabilidade inerente “proporcionam a base para a regulamentação bancária moderna, que visa criar um sistema financeiro estável”, explicou o Comitê Nobel.

Estes e os estudos de Bernanke – ex-presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) entre 2006 e 2014 – sobre crises financeiras também melhoraram a compreensão de “por que a regulamentação às vezes falha, a enorme escala das consequências e o que os países podem fazer para suprimir uma crise bancária iminente, como no início da recente pandemia”.

“As contribuições dos premiados melhoraram nossa capacidade de evitar tanto crises graves quanto resgates caros”, disse o presidente do Comitê Nobel, Tore Ellingsen.

Estudos sobre a Grande Depressão

O estudo de Bernanke, publicado em 1983, analisou a Grande Depressão dos anos 30 e contradisse a visão até então amplamente defendida, mostrando o papel decisivo das quebras bancárias.

A crença aceita entre muitos especialistas era que a depressão poderia ter sido evitada se o banco central dos EUA tivesse imprimido mais dinheiro, uma explicação que Bernanke considerou insuficiente.

Combinando fontes históricas e métodos estatísticos, Bernanke mostrou que “a principal causa da crise foi a reduzida capacidade do sistema bancário de canalizar a poupança para o investimento produtivo”, segundo o comitê que concede o prestigiado prêmio.

O colapso dos bancos explica porque a recessão foi profunda e duradoura, e a economia não começou a se recuperar até que o Estado implementasse medidas para evitar mais “pânico bancário”.

“Esta visão ilustra a importância do bom funcionamento da regulamentação bancária e foi também o raciocínio por trás de elementos cruciais da política econômica durante a crise financeira de 2008-2009”, explicou o Comitê Nobel.

Modelo de Diamond e Dyvbig

Em outro trabalho de 1983, Diamond e Dybvig desenvolveram um modelo teórico que explica como os bancos criam liquidez para os aforradores enquanto os mutuários podem ter acesso ao financiamento de longo prazo, mostrando sua vulnerabilidade e porque a regulamentação é necessária.

Os bancos atuam como intermediários que transformam ativos de longo prazo em contas bancárias de curto prazo, o que é conhecido como transformação de maturidade, um processo que também mostra a fragilidade dos bancos diante de rumores que podem levar a saques de dinheiro em massa.

A resposta de Diamond e Dybvig a esta vulnerabilidade bancária é a criação de um seguro de depósito pelos governos: “quando os depositantes sabem que o Estado garantiu seu dinheiro, eles não precisam mais correr para o banco assim que começarem os rumores de um colapso bancário”.

Diamond também explicou em outro artigo o papel “social” que os bancos desempenham: como intermediários entre popadores e tomadores de empréstimos, eles estão “melhor colocados” para avaliar a solvência dos mutuários e assegurar que os empréstimos sejam utilizados para bons investimentos.

“Se os bancos pegassem atalhos para monitorar os mutuários, eles arriscariam grandes perdas em seus empréstimos. O banco seria incapaz de pagar o que prometeu a seus depositantes e entraria em colapso. Portanto, é do seu próprio interesse monitorar seus mutuários sem que os poupadores precisem monitorar o banco”, diz o artigo.

Os três vencedores dividirão o prêmio de 10 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 880 mil) concedido a cada categoria neste ano.

Os Prêmios Nobel em suas seis categorias serão entregues em 10 de dezembro em tradicional cerimônia dupla: em Oslo, na Noruega, será o da Paz, e em Estocolmo, na Suécia, os outros cinco (Medicina, Física, Química, Literatura e Economia). EFE