UE diz que acordo com Mercosul pode ser fechado com Lula

Sao Paulo (EFE).- A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais “abre o caminho” para que seja fechado o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, segundo avaliou nesta quarta-feira o embaixador do bloco no Brasil, Ignacio Ybánez.

O principal aspecto positivo após as eleições, segundo o embaixador, é a mudança no discurso do Brasil em relação à preservação ambiental.

“Lula indicou que no âmbito climático e no combate ao desmatamento estará do mesmo lado que nós, o que, sem dúvida, abre o caminho para avançarmos no acordo”, disse Ybáñez à EFE.

O diplomata salientou ainda que o acordo, finalizado em 2019 após 20 anos de negociações entre os dois blocos, continua válido e é refinado levando em conta as peculiaridades e preocupações de ambas as partes.

Vários países europeus se recusaram a ratificar o acordo devido à falta de compromissos com a proteção ao meio ambiente por parte do governo de Jair Bolsonaro, derrotado por Lula nas eleições de 30 de outubro.

Durante a campanha eleitoral, Lula disse que pretende rever o acordo Mercosul-UE para favorecer a reindustrialização de Brasil e Argentina, parceiros no bloco sul-americano junto com Uruguai e Paraguai.

O embaixador europeu afirmou que “a resposta que Bruxelas deu a este comentário é, em primeiro lugar, defender o acordo tal como está”, salientando que o pacto “deixa um tempo para que seus mercados e suas indústrias se adaptem à concorrência na Europa”.

“Mas logicamente que, quando o governo chegar, teremos que sentar e ver com eles o que pode ser feito”, acrescentou.

Além disso, o diplomata europeu disse que o discurso de Lula é positivo, mas “devemos ser cautelosos” em relação às mudanças na política ambiental, que “levarão tempo”.

“Estamos cientes de que é algo que não vai acontecer da noite para o dia, ou seja, gostamos do discurso, mas temos que ser prudentes em pensar que isso vai demorar e neste sentido a União Europeia também insiste na oferta de cooperação”, completou. EFE