UPS aumenta apoio a mulheres empreendedoras para o pós-covid-19

São Paulo (EFE) – A multinacional americana UPS reforçou seu apoio, em âmbito global, às mulheres que estão à frente de pequenas e médias empresas, com o objetivo de acelerar a recuperação econômica pós-covid-19, segundo a presidente da gigante da logística no Brasil, Nadir Moreno.

Em entrevista à Agência EFE, a executiva explicou que a pandemia teve um forte impacto no setor, mas também criou oportunidades para as mulheres que abriram seus próprios negócios em casa.

“As mulheres, que continuam a ser as principais provedoras de suas famílias em diferentes aspectos, também sofreram bastante com a pandemia, porque as suas micro e pequenas empresas foram muito afetadas. Assim, ao ajudá-las diretamente, queremos acelerar a recomposição e reconstrução do setor”, acrescentou.

Entre as iniciativas realizadas pela empresa nesse sentido, ela destacou o Programa Mulheres Exportadoras, que desde 2018 capacitou, a nível global, cerca de 17.000 mulheres proprietárias de PMEs.

Na América Latina, mais especificamente, foram realizadas mais de 70 sessões de treinamento com o apoio de cerca de 20 aliados estratégicos na região.

Além disso, a multinacional investiu cerca de US$ 1 milhão em 2021 para ajudar mulheres, pessoas negras, asiáticas e LGBT+ a desenvolverem seus negócios.

“As PMEs não sabem como lidar com os procedimentos aduaneiros, quais são os impostos aplicáveis e as leis de cada local. Por isso, quando encontram a primeira dificuldade, a tendência é desistir ou recuar”, disse a executiva.

Diante desse contexto, ela afirmou que a intenção é oferecer subsídios, formação e visão, principalmente no caso das mulheres, para que elas possam expandir suas pequenas empresas para outros locais. 

“É por isso que, desde 2021, ampliamos o programa para incluir mais mulheres empresárias e fechamos parcerias com instituições educacionais de renome, como o Tecnológico de Monterrey, do México”, destacou a presidente da UPS no Brasil.

Para Nadir Moreno, a logística da UPS, além de ser global, “nasce em um lugar para morrer no outro”, razão pela qual todas as iniciativas socioambientais desenvolvidas pela empresa geram um impacto que vai além das fronteiras dos mais de 200 países onde está presente.

Desigualdade de gênero no mundo corporativo

Além das dificuldades enfrentadas pelas mulheres empreendedoras, a executiva ressaltou as barreiras enfrentadas por elas no ambiente corporativo, que, na sua opinião, são mais preocupantes.

“No mundo corporativo, a representação das mulheres é significativamente reduzida em comparação com o mundo empresarial, então é aqui, neste âmbito, que temos de concentrar nossos esforços para acelerar a paridade de género”, argumentou.

Como presidente do LIDE Mulher no Brasil, uma rede corporativa que tem como missão promover e expandir a presença e a liderança de mulheres no país, Nadir Moreno afirmou que tem visto melhorias significativas nos últimos anos, mas que ainda considera a igualdade de gênero um futuro distante.

“O mundo corporativo é complexo porque é mais machista. Temos de quebrar paradigmas e outras regras, mas nem sempre temos essa autonomia. É por isso que considero que esse é o meu papel para poder alavancar esse processo de igualdade”, explicou.

Ela lembrou também que, apesar de mais mulheres completarem o ensino superior, em comparação com homens, sua representatividade ainda é baixa, principalmente em cargos altos, fato que muitas vezes está relacionado a questões culturais, motivo pelo qual considerou o empoderamento feminino extremamente importante.

“Muitas mulheres têm essas questões tão internalizadas que não percebem que podem ser protagonistas, não só coadjuvantes. Temos que ajudá-las a ver que isso é possível. Conheço casos de mulheres que não aceitaram promoções no trabalho porque ter um cargo mais alto que o de seus maridos causaria problemas em casa”, destacou.

Apesar de trabalhar por 30 anos em um empresa que no passado era dominada por homens e que faz parte de um setor majoritariamente masculino, Nadir Moreno disse que nunca se sentiu diferente por ser mulher dentro da UPS, mas enfrentou preconceitos fora do ambiente da empresa.

“Eu sempre me senti respaldada e empoderada, por isso essas situações nunca me abalaram. Dentro da UPS, aprendi que uma empresa gigante pode mudar internamente para alcançar a diversidade, e eu devo contribuir transmitindo isso a outras corporações”, concluiu. EFE