Uma vendedora de peixes de origem marroquina trabalha no mercado de Belleville, em Paris. EFE/Antonio Torres del Cerro

Mercado árabe de Paris se une em torcida pela seleção do Marrocos

Antonio Torres del Cerro.

Paris (EFE).- O popular mercado árabe de Belleville, que funciona ao ar livre em Paris, na França, em peso, não esconde que a torcida será pela seleção marroquina, em duelo com os atuais campeões do mundo, que acontecerá nesta quarta-feira, pelas semifinais da Copa do Mundo.

“A Copa do Mundo do Qatar será para nós, Marrocos”, afirma Sangar, um vendedor de roupas franco-marroquino.

Localizado no leste de Paris, o popular mercado ao ar livre se estende pelos bulevares Belleville e Ménilmontant. Lá, o intenso laranja das tangerinas marroquinas e portuguesas é intercalado com odores de especiarias que evocam por alguns momentos a atmosfera dos souks.

Nas atuais manhãs frias de dezembro, o movimento de pessoas buscando produtos de boa qualidade a baixos preços é menor do que em outras ocasiões, embora, rapidamente, se perceba que não se trata de um dia normal.

Isso porque, esta terça-feira é a véspera do jogo em que o Marrocos tentará alcançar a final da Copa do Mundo. Muitos comerciantes árabes já vibram por causa do duelo com a França.

“Sou francês e marroquino, tenho dupla cidadania, mas amanhã, esperamos, sem dúvida, a vitória do Marrocos”, disse Sangar à Agência EFE, enquanto estende uma enorme bandeira do país na barraca em expõe seus produtos.

Outro vendedor de roupas, esse de origem tunisiana, fala sobre o que representa a inesperada campanha dos Leões do Atlas – como é conhecida a seleção marroquina -, no Qatar.

“Aqui há uma boa convivência entre todos, os que somos árabes e os que não são. O futebol tem essa peculiaridade de unir as pessoas, independentemente da origem. É melhor não julgar à primeira vista”, afirma o comerciante.

Torre de Babel

Belleville é uma espécie de torre de Babel. É possível ouvir o árabe e suas diferentes ramificações regionais, também o francês, chinês, português, sem esquecer dos idiomas falados na África Subsaariana, com o o wolof, do Senegal, principalmente.

Entre o rebuliço das bancas de frutas, pescado e verduras, também há quem venda diferentes tipos de alimentos para serem apreciados na hora, como “omhadjeb”, uma espécie de crepe argelino a base de sêmola, que se recheia com cebola, alho, tomate, pimentas e outros temperos.

O dono de uma dessas bancas teve uma ideia original, que resume a vida em comum dos povos árabes do mercado: colocar juntar, uma do lado da outra, as bandeiras de Argélia, Egito, Marrocos e Tunísia.

A disputa, especialmente, entre Argélia e Marrocos, cujos governos se enfrentam por questões de política exterior e territoriais, desde que se tornaram independentes da França, em meados do século 20, não parece ser se materializado entre cidadãos dos dois países em Belleville.

“São os governos que não se entendem, não nós, o povo. Amanhã, estou com Marrocos”, diz, sorridente, um açougueiro de origem argelina. EFE