Tóquio (EFE).- O tribunal do distrito de Tóquio sediou nesta quinta-feira a primeira audiência oral do julgamento sobre o suposto pagamento de propina a um ex-diretor do comitê organizador local dos Jogos Olímpicos de 2020, realizados na capital do Japão no ano passado.
De acordo com a agência local de notícias “Kyodo”, entre os primeiros depoimentos estava o do empresário Hironori Aoki, de 84 anos, ex-presidente da rede de lojas de roupas Aoki e acusado de subornar dirigentes para se tornar patrocinador do evento poliesportivo, crime que reconheceu ter cometido.
Também foram ouvidos hoje dois antigos integrantes da cúpula da diretoria da empresa.
Os três que participaram da audiência de hoje estão entre as 15 pessoas acusadas pelo Ministério Público local. Eles teriam repassado 28 milhões de ienes (R$ 1,1 milhão) a Haruyuki Takahashi, membro do comitê organizador local dos Jogos, que tinha influência no departamento de marketing do órgão.
Segundo a acusação, os pagamentos teriam acontecido entre 2017 e 2021, com o objetivo de que a Aoki fosse selecionada como patrocinadora oficial do evento poliesportivos, para o qual, também produziu os uniformes dos voluntários, funcionários e atletas do Japão.
As investigações apontaram que Takahashi recebeu até 51 milhões de ienes (R$ 2 milhões) da empresa, mas alguns pagamentos acabaram sendo excluídos do processo, porque o período de punição expirou.
Takahashi, que foi diretor da maior agência de publicidade do Japão, segue preso por ter recebido cerca de 200 milhões de ienes (R$ 7,8 milhões) de, pelo menos, cinco diferentes empresas, entre elas, a Aoki.
O dirigente nega ter recebido qualquer suborno e alega que os pagamentos foram feitos, exclusivamente, pelo trabalho de consultoria que realizou para as companhias.
Tóquio 2020 custou 20% mais do que apontou orçamento final, mostra auditoria
Os Jogos Olímpicos de Tóquio, que foram realizados no ano passado, tiveram um custo final superior em cerca de 20% ao montante oficial anunciado na última versão do comitê organizador, conforme aponta relatório publicado nesta quarta-feira pelo Conselho de Auditores do Japão.
O evento poliesportivo representou gasto de 1,7 trilhões de ienes (R$ 66,9 bilhões), de acordo com estimativa do órgão de caráter estatal e independente do governo e do Parlamento do país.
O valor contrasta com os 1,42 trilhões de ienes (R$ 55,9 bilhões) anunciados pela organização dos Jogos Olímpicos de 2020, que aconteceram com um ano de atraso, devido a pandemia da covid-19.
A diferença de cerca de 280 bilhões de ienes (R$ 11 bilhões), se refere a custos diretamente relacionados aos Jogos e assumidos pelo governo japonês, que não foram incluídos no orçamento final apresentado pelo comitê de organização local.
De acordo com relatório, os organizadores cobriram 640 bilhões de ienes do orçamento total com aportes de patrocinadores e do Comitê Olímpico Internacional (COI), entre outras entidades, enquanto que o governo da província de Tóquio aportou outros 597 bilhões de ienes, e o do Japão mais 187 bilhões de ienes.
O Conselho de Auditores concluiu que o Executivo central não incluiu nas contas oficiais os custos derivados da construção de instalações de treinamento para atletas, medidas antidoping e subsídios a autoridades locais para renovação das sedes esportivas.
A auditoria também revelou que o governo central gastou outros 1,3 trilhão de ienes em 329 projetos que contribuíram indiretamente para os Jogos e não incluíram isso nos orçamentos do evento. Entre os quais, estão medidas fronteiriças, a melhora das previsões meteorológicas no país.
Se for incluído este montante e outros 685 bilhões de ienes gastos pelo governo de Tóquio para assuntos semelhantes, o custo total dos Jogos Olímpicos subiria para cerca de 3,6 trilhões de ienes (R$ 141,8 bilhões).
O Conselho de Auditores destaca, em seu relatório, a necessidade de que o governo ofereça as informações necessárias para elucidar os gastos totais para um evento internacional da magnitude dos Jogos. EFE