Dromedários participam de uma corrida em Al Shahaniya, no Qatar. EFE/Alberto Estevez

Animais ancestrais no Qatar e onde encontrá-los

José Miguel Pascual Labrador.

Doha (EFE).- O antílope árabe, de pelagem branca e chifres longos, é considerado o animal nacional do Qatar. Reverenciado pelas origens na Península Arábica, a beleza e a capacidade de adaptação a um clima tão hostil como o deserto, este mamífero divide atenções com outras espécies que, durante séculos, estabeleceram uma relação especial com as comunidades locais.

O falcão, o cavalo árabe e o dromedário são alguns dos animais que acompanharam a sociedade do Qatar em seu desenvolvimento, desempenhando um papel importante no passado como símbolos de prosperidade ou meio de transporte, até chegarem ao caráter lúdico e de atrações turísticas atuais.

Antes do início da Copa do Mundo do Qatar 2022, são muitos os interessados ​​em conhecer as particularidades do país, e eles descobrirão que passado e presente não podem ser compreendidos sem a relação de sua população com os animais nativos.

Viagem pelo deserto do Qatar

Turistas passeiam em dromedários pelo deserto do Qatar. EFE/Alberto Estévez

Com uma tradição milenar nos desertos, os dromedários eram imprescindíveis para a locomoção nestas terras, dada a sua capacidade de sobreviver vários dias sem comer ou beber e à resistência de sua pele ao sol.

Apesar de os dromedários terem menor agilidade do que outros quadrúpedes, como os cavalos, esse fato não impediu que fossem usados ​​no campo de batalha ou por nômades para transportar seus acampamentos, nem impediu que uma das principais atividades de lazer no Qatar hoje seja a corrida de camelos árabes.

Corridas de dromedário, tradição no Qatar desde os anos 70

Dromedários participam de uma corrida em Al Shahaniya, no Qatar. EFE/Alberto Estévez

Essas competições populares nasceram na década de 1970, e seu palco principal é Al Shahaniya, uma cidade a cerca de 20 quilômetros de Doha, onde as principais corridas acontecem do final de setembro a abril.

Entre todos os torneios nacionais e internacionais, realizados todas as sextas-feiras, encontra-se a Corrida Principal de Sua Alteza, o Emir, realizada em março e abril, com o próprio Emir entregando o troféu ao vencedor.

No início desta atividade, os camelos eram montados por crianças, geralmente de outros países da região ou da África, mas várias controvérsias sobre a obrigatoriedade dos menores não ultrapassarem uma certa altura ou peso fizeram com que no final da década de 1990 essa prática fosse proibida.

Hoje, os animais são conduzidos por um operador remoto que, por meio de um sistema tecnológico, controla um robô jóquei do tamanho de uma criança pequena, que por sua vez aplica uma antena de chicote, controla as rédeas e estimula o dromedário a atingir velocidades máximas de até 65 km/h no circuito curto e até 48 km/h no percurso de resistência.

As provas são abertas ao público, e outra corrida é disputada fora da arena do complexo. Uma das maiores diversões locais é acompanhar as corridas dirigindo seu próprio veículo a toda velocidade pela estrada paralela à pista.

Tal é a admiração por este animal que a guarda do Emir percorre todos os dias o palácio de trabalho, localizado em Doha entre o Souq Waqif e o Museu de Arte Islâmica, montada em camelos árabes.

Voo do falcão pelos céus do Qatar

Falcões em exibição na feira de Shail, em Doha. EFE/Alberto Estévez

E de admiração em admiração, os qatarianos vão da terra ao céu, do dromedário ao falcão. “Para nós, não é um esporte, é um modo de vida, porque os nômades do deserto usam essas aves para capturar presas”, explicou à Agência EFE o secretário e diretor de comunicação da Associação Al Gannas, Zayide Al-Ali.

Com uma visão quase oito vezes mais aguçada que a do ser humano, os falcões e seu estilo de caça e eficiência na captura de presas levaram os beduínos a utilizá-los para obter alimentos e a introduzir, séculos atrás, essa tradição do Irã a outros países do Oriente Médio.

A associação Al Gannas dedica-se ao cuidado e reabilitação de aves, especialmente aves de rapina, para evitar que sejam vítimas de contrabando ou perigos como eletrochoques e envenenamento.

Doha também conta, no tradicional Souq Waqif, com um centro de referência onde os falcoeiros compram comida para suas aves, além de capuzes e outros acessórios e, sobretudo, com o Hospital dos Falcões, onde são tratados de possíveis lesões e onde podem ser feitos exames de rotina.

Al Shaqab, a cidade do cavalo

Um cavalo se exercita em uma piscina do centro equestre de Al Shaqab. EFE/Alberto Estévez

O centro equestre da Fundação Qatar, Al Shaqab, fundado em 1992 pelo antigo emir do país, Sheikh Hamad Bin Khalifa Al-Thani, é uma referência para o cuidado, treinamento e criação de cavalos árabes.

Nos 100 hectares de área das instalações, há um estádio de competição com capacidade para 6 mil pessoas, estábulos dedicados a diferentes disciplinas, pistas de treinamento e um centro veterinário de alto desempenho e tecnologia de ponta para exames.

Cavalos de todo o mundo são levados a este hospital veterinário, pois, além de realizar testes preliminares e operações cirúrgicas, eles se dedicam à recuperação de qualquer tipo de lesão.

O diretor de Protocolo e Relações Internacionais de Al Shaqab, Abdulrhman Alkaabi, afirmou à EFE que o objetivo é “preservar a herança dos cavalos árabes”, para os quais são desenvolvidos diferentes programas que mostram o amor dos qatarianos por esses animais e esportes equestres.

Juntamente com a Qatar Foundation, o local conta com uma escola de equitação com aulas para pessoas a partir de 3 anos “até os níveis de competição”, incluindo programas para crianças com necessidades especiais. EFE