Rafael Grosi. EFE/Arquivo/Luis Lidón

Aiea buscará vestígios de bomba suja ucraniana; Rússia fortalece Kherson

Moscou/Lviv (EFE).- A Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) visitará duas instalações nucleares na Ucrânia para verificar a acusação da Rússia de que Kiev está construindo uma bomba suja, enquanto Moscou fortalece Kherson para defender a única capital regional ucraniana em seu poder.

“Os inspetores da Aiea efetuarão uma verificação independente nesses locais”, disse o diretor-geral da Aiea, Rafael Grossi.

Detectar desvios de material nuclear

A visita, que acontecerá “nos próximos dias”, buscará “detectar qualquer desvio de material nuclear, qualquer produção ou processamento não declarado de material nuclear nos dois locais e garantir que não haja materiais ou atividades nucleares não declaradas”.

De acordo com a agência de notícias ucraniana “Ukrinform”, os especialistas da Aiea visitarão o Instituto de Pesquisa Nuclear de Kiev e uma instalação de processamento de mineração na região de Dnipropetrovsk.

No dia anterior, o presidente russo, Vladimir Putin, pediu à Aiea para visitar as instalações nucleares ucranianas o mais rapidamente possível, já que “kiev está fazendo todo o possível para apagar os rastros”.

Em resposta às queixas ucranianas sobre a construção ilegal da usina nuclear de Zaporizhzhya, que regularmente é atingida por bombardeios pelos quais a Rússia e a Ucrânia se culpam mutuamente, Grossi disse estar ciente do trabalho realizado “para melhorar o sistema de proteção física do combustível nuclear armazenado a seco”.

Os especialistas da Aiea não visitarão Zaporizhzhya, onde já existem observadores, mas nos próximos dias visitarão as usinas nucleares do Sul, em Mykolaiv; Chernobyl, na região de Kiev, e Kmenytsky, no centro do país, disse o argentino.

Kherson: russos não estão saindo

Enquanto isso, na região de Kherson, no sul da Ucrânia, a tensão aumenta: as forças ucranianas continuam se preparando para uma grande ofensiva enquanto os russos transformam a cidade em uma fortaleza.

Em declarações à agência de notícias russa “RIA Novosti”, a número dois da administração regional pró-Rússia, Yekaterina Gubariova, afirmou que “sacos de areia estão sendo colocados em todos os primeiros andares dos edifícios para repelir ataques dentro da cidade”.

O Estado-Maior da Ucrânia destacou no seu relatório de guerra o “reforço do grupo inimigo” na margem direita do rio Dnieper “com até mil mobilizados”.

Ela acrescentou que os militares russos estão estacionados nas casas dos moradores locais que foram evacuados da região.

Segundo a chefe da Administração Militar fiel a Kiev, Galina Lugovaya, “nas ruas de Kherson você vê mais militares russos do que habitantes da cidade”.

Os serviços secretos britânicos relataram hoje que “a Rússia provavelmente aumentou algumas de suas unidades no lado direito do Dnieper com reservistas mobilizados”.

“Nas últimas seis semanas, houve um movimento claro das forças terrestres russas para passar uma postura defensiva a longo prazo na maioria das áreas da linha de frente na Ucrânia”, constatou o Reino Unido.

Evacuação de Kherson termina, mas tensões continuam

O chefe da península ucraniana anexada da Crimeia, Serguey Aksyonov, informou o fim da evacuação de civis de Kherson, observando que “todos aqueles que quiseram puderam deixar o território com segurança, apesar do bombardeio das Forças Armadas da Ucrânia”.

Pelo contrário, o Estado-Maior da Ucrânia sustentou que a chamada evacuação em Kherson “continua”.

No entanto, a pressão permanece: o comando ucraniano afirmou que a Rússia continua “bombardeando posições” ucranianas “ao longo da linha de contato”, em particular, na margem esquerda do rio Dnieper.

As tropas russas lançaram 15 ataques aéreos e um ataque com mísseis nas últimas horas, atingindo as cidades de Bilohirka, Nova Kamianka e Novohrednjeve na região de Kherson, bem como cidades em Zaporizhzhya e Donetsk, disse o Exército ucraniano.

O líder checheno, Ramzan Kadyrov, reconheceu por sua vez a morte de 23 soldados da República Chechena, em Kherson, como resultado de um bombardeio ucraniano.

“Todas as operações de resgate no local foram concluídas e há uma lista final de mortos e feridos”, escreveu em seu canal Telegram, relatando 23 mortos e 58 feridos.

Kadyrov afirmou que para todo verdadeiro muçulmano “é uma honra e uma grande alegria morrer em uma guerra santa”.

“Todos nós sonhamos em morrer no caminho de Alá”, disse, prometendo “destruir impiedosamente” as tropas ucranianas. EFE