Evo Morales. EFE/Arquivo/Juan Ignacio Roncoroni

Evo Morales acusa “oligarquia peruana” de mentir para justificar “massacre”

La Paz (EFE).- O ex-presidente da Bolívia Evo Morales disse nesta quinta-feira que a “oligarquia peruana mente” para “justificar o massacre” de manifestantes no Peru, em uma nova declaração sobre a crise no país vizinho, apesar das críticas e acusações de “interferência” feitas contra ele.

“A oligarquia peruana mente para tentar justificar o massacre de nossos irmãos. Tenta estigmatizar a Wiphala (bandeira multicolor indígena), mas ignora que ela é um antigo símbolo de união, dignidade e liberdade. Em vez de inventar supostas ‘invasões’, pare com os assassinatos e as repressões”, escreveu o ex-presidente no Twitter.

Ele também lamentou o “desprezo pela vida” dos “indígenas no Peru assassinados pelo aparelho repressivo de um Estado que reproduz o discurso e as práticas racistas e segregacionistas da Colônia”.

“A passividade cúmplice das organizações de defesa dos direitos humanos favorece a impunidade”, acrescentou o líder do partido governista boliviano.

Morales insistiu em expressar sua opinião sobre a crise peruana com mensagens semelhantes que compartilha quase diariamente em suas redes sociais, mesmo com o Peru o acusando de intromissão em assuntos internos.

O governo peruano proibiu a entrada de Morales e de outros oito cidadãos bolivianos sob a acusação de terem realizado “atividades de índole política proselitista” que afetaram a “segurança nacional” do Peru, decisão apelada por um advogado que fazia parte da defesa jurídica do ex-presidente Pedro Castillo.

O ex-presidente boliviano também foi denunciado perante o Ministério Público peruano pelo deputado ultraconservador Jorge Montoya pela suposta prática de crimes contra a segurança nacional e traição, sob a forma de “atentado contra a integridade nacional”.

Morales manteve uma presença ativa no Peru, especialmente no sul do país, durante o governo de Pedro Castillo, com o objetivo de incentivar a integração de regiões como Puno ao projeto Runasur, a plataforma internacional de movimentos sociais e indígenas que ele promove.

Ele também tem sido muito ativo nas redes sociais com opiniões sobre a crise no Peru e mensagens em defesa de Castillo desde sua destituição pelo Congresso após tentativa de golpe de Estado em 7 de dezembro.

A atual onda de protestos no Peru começou depois que a então vice Dina Boluarte assumiu a presidência do país após uma fracassada tentativa de autogolpe de Castillo, que cumpre prisão preventiva enquanto é investigado por rebelião.

Até agora, 40 manifestantes morreram em confrontos diretos com agentes da lei, além de um policial, e outras sete pessoas perderam a vida “devido a acidentes de trânsito e eventos relacionados ao bloqueio” de estradas, segundo dados da Defensoria do Povo peruana. EFE