Johannesburgo (EFE).- O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, acusou nesta segunda-feira o Ocidente de dificultar a chegada de grãos e fertilizantes às nações mais pobres, a partir da imposição de sanções contra o país.
“Eles dizem constantemente que não impuseram medidas contra o fornecimento de alimento e fertilizantes. Claro que não mencionam a comida e os fertilizantes em suas decisões, mas incluíram a entrada de barcos russos aos portos mediterrâneos e os barcos estrangeiros estão proibidos de entrar em portos russos”, afirmou o chanceler.
Lavrov se reuniu nesta segunda-feira em Pretória com a ministra das Relações Exteriores da África do Sul, Naledi Pandor, seis meses depois da viagem que fez a outros países da África, no caso, Egito, Uganda, Etiópia e República Democrática do Congo.
Em entrevista coletiva concedida após o encontro, o ministro russo afirmou que, apesar do acordo negociado por Ucrânia e Nações Unidas para permitir a exportação por mar de grãos ucranianos, “os países pobres recebem menos de 10% e cerca da metade está sendo enviada pela União Europeia.
“Tão logo o senhor (António) Guterres sugeriu a iniciativa do grão, estivemos de acordo”, disse Lavrov, em alusão ao secretário-geral da ONU, negando que o país esteja usando os alimentos “como arma”.
Nas declarações à imprensa, o ministro russo exigiu que o Ocidente respeite “a soberania” dos países da África, América Latina e Ásia, para que possam escolher quem apoiam na guerra da Ucrânia, a que voltou a se referir como “operação militar especial”, como batizou o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
“Se respeitam os outros países, os deixem escolher seu lado. Os deixem escolher a posição por eles mesmos”, disse Lavrov.
O governo da África do Sul garantiu no ano passado que adotou uma posição de neutralidade no conflito no Leste Europeu e pediu diálogo e diplomacia para solucionar o conflito, mas a oposição acusa o executivo de apoiar a Rússia.
Lavrov visitou Pretória meses antes da realização, em julho, m São Petersburgo, da segunda cúpula Rússia-África, e dos sul-africanos sediarem, em agosto, a 15ª cúpula de chefes de Estado do bloco Brics, que os dois países integram com Brasil, China e Índia. EFE