O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel. EFE/Arquivo

Cuba protesta por aparecer em lista de terroristas elaborada por EUA

Havana (EFE).- O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, criticou nesta quarta-feira a presença de seu país na lista recentemente publicada de Estados patrocinadores do terrorismo elaborada pelos Estados Unidos e correspondente ao ano de 2021.

“O governo (do presidente dos EUA) Joe Biden manteve na espúria lista a designação de Cuba como Estado patrocinador do terrorismo”, escreveu Díaz-Canel no Twitter.

O presidente cubano se referiu, assim, ao relatório do Departamento de Estado americano publicado na segunda-feira, no qual Washington cita Cuba por “repetidamente oferecer apoio a atos de terrorismo internacional ao conceder um porto seguro aos terroristas”.

Segundo Díaz-Canel, “o verdadeiro propósito de caluniar a ilha como terrorista é justificar o bloqueio ilegal dos Estados Unidos contra Cuba”.

Fontes do Ministério das Relações Exteriores cubano asseguraram à EFE que a publicação deste relatório é “enganosa” porque apresenta argumentos que rechaçam e nunca consideraram válidos, mas que também “não são atuais” e não estão “contextualizados”.

Além disso, ressaltaram que o documento faz alusão a mandados de prisão e pedidos de extradição contra membros do Exército de Libertação Nacional da Colômbia (ELN) – que estiveram em Cuba em 2021 no marco de negociações de paz então interrompidas -, mas que atualmente estão suspensos porque as negociações foram retomadas.

“Mesmo que a desinformação deste relatório supostamente responda a dados de 2021, sua publicação é vergonhosa”, criticou no Twitter Johana Tablada, vice-diretora para os EUA do Ministério das Relações Exteriores de Cuba.

Tablada considerou que “nem então nem agora há uma única razão para incluir Cuba entre os países que patrocinam ou não cooperam na luta contra o flagelo do terrorismo”.

Por outro lado, o relatório dos EUA indica que o governo cubano “não respondeu formalmente ao pedido de extradição de dois dirigentes” do ELN “feito por Bogotá”.

A esse respeito, o diretor-geral para a América Latina e o Caribe da chancelaria cubana, Eugenio Martínez, explicou no Twitter que o governo da Colômbia suspendeu os pedidos de extradição e desativou os mandados de prisão.

“Até onde vão a incompetência e as más intenções dos Estados Unidos?”, questionou o diplomata, que destacou que esses guerrilheiros “estão hoje no México conversando com o governo colombiano”, porque as negociações de paz foram retomadas.

A publicação deste relatório não tem implicações administrativas e é usada principalmente para orientar o Congresso dos EUA na hora de determinar a ajuda externa a cada país.

Geralmente é publicado com atraso, embora sem periodicidade fixa, mas desta vez foi adiado por motivos que não foram revelados. O relatório de 2022 não foi divulgado nem tem data prevista.

No entanto, a decisão de incluir ou excluir um Estado da lista de países patrocinadores do terrorismo cabe exclusivamente ao presidente dos Estados Unidos e pode ser tomada a qualquer momento.

Junto com Cuba, aparecem na lista Coreia do Norte, Síria e Irã.

Cuba foi incluída pela primeira vez em 1982 e saiu em 2015, durante a fase de reaproximação promovida pelo então presidente dos Estados Unidos, o democrata Barack Obama (2009-2017).

No entanto, seu sucessor, o republicano Donald Trump (2017-2021), voltou a incluí-la alguns dias depois de deixar a Casa Branca. EFE