Boris Johnson na porta de sua casa, em Londres, nesta terça-feira. EFE/ANDY RAIN

Johnson admite que levou Parlamento britânico ao engano, mas “de boa fé”

Londres (EFE).- O ex-primeiro-ministro do Reino Unido Boris Johnson reconheceu que levou o Parlamento ao engano sobre o “partygate”, o escândalo sobre as festas em Downing Street durante a pandemia, quando disse na época que as regras anti-covid foram cumpridas, embora tenha assegurado que agiu “de boa fé” .

O Comitê de Privilégios da Câmara dos Comuns, que está investigando se Johnson mentiu à Casa, tornou público nesta terça-feira o testemunho escrito que a equipa jurídica do ex-chefe de governo entregou ontem, antes que compareça amanhã perante essa comissão.

“Não enganei intencionalmente ou imprudentemente a Câmara em 1º de dezembro de 2021, em 8 de dezembro de 2021 ou em qualquer outra data. Nunca teria sonhado em fazer isso”, disse Johnson em seu depoimento.

“Aceito que a Câmara dos Comuns foi levada ao engano por minhas declarações de que as regras foram totalmente seguidas no número 10 (Downing Street). Mas quando as declarações foram feitas, foram feitas de boa fé e com base no que sabia honestamente e acreditava na época”, acrescentou.

Ao publicar seu depoimento hoje, o comitê deixou claro que “não contém nenhuma nova evidência documental”.

Johnson deixou o poder em 6 de setembro em decorrência desse escândalo e depois que a funcionária pública Sue Gray divulgou seu relatório independente sobre o “partygate”, no qual criticava as festas e o consumo excessivo de álcool na residência oficial.

“Claro que é verdade que minhas declarações ao Parlamento de que as regras (anticovid) foram seguidas o tempo todo não se mostraram corretas, e aproveito esta oportunidade para pedir desculpas à Câmara por isso”, declarou o ex-premiê em seu testemunho.

O depoimento de Johnson de amanhã vem gerando expectativa, já que seu futuro político pode depender das conclusões dos deputados do comitê.

Caso constatem que Johnson mentiu conscientemente, os deputados do comitê podem recomendar que seja suspenso da Câmara, da qual faz parte como parlamentar pelo distrito eleitoral de Uxbridge (noroeste de Londres).

Em um relatório provisório, o comitê disse recentemente que as evidências atuais sugerem que as violações das regras anti-covid em Downing Street eram “óbvias” para Johnson.

O inquérito é presidido pela deputada trabalhista Harriet Harman, embora o painel de sete membros do comitê tenha maioria conservadora. EFE