Andrés Allamand durante o evento em Santo Domingo. EFE/ Orlando Barría

Investimento empresarial na Ibero-América deve ser “limpo”, afirma Allamand

Santo Domingo (EFE).- Os empresários da Ibero-América devem assumir o compromisso de investir na região, que está “definhando” por falta de investimento, assim como fazê-lo de uma forma “limpa” para evitar todo tipo de corrupção, declarou nesta quinta-feira o secretário-geral ibero-americano, o chileno Andrés Allamand.

“Precisamos de empresários empenhados na legitimidade de uma economia limpa, o que significa rejeitar todos os tipos de corrupção, todos os tipos de monopólios, todos os tipos de tentativas de tirar partido de privilégios”, disse Allamand na abertura do 14º Encontro Ibero-Americano de Negócios em Santo Domingo.

O fórum, que reúne cerca de 1.500 empresários da América Latina e do Caribe, assim como da Espanha, Portugal e Andorra, é realizado em meio à Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo, que terá lugar amanhã e sexta-feira na capital dominicana.

“As empresas devem procurar o bem comum com os seus trabalhadores, pagar salários máximos e não salários mínimos, criar bons ambientes de trabalho, não discriminar os seus fornecedores e combinar os benefícios do meio ambiente com os seus consumidores”, explicou o diplomata.

Potencializar o investimento

Allamand pediu para o setor empresarial ibero-americano se tornar um instrumento de investimento na região, que, na sua opinião, está em declínio e definhando, motivo pelo qual deve ser reforçado.

De acordo com o político chileno, o crescimento na América Latina se revelou, mais uma vez, “raquítico”, semelhante ao que aconteceu na década de 1980, conhecida como a “década perdida”.

“Para reverter esta situação, para dissipar este espectro, 40 anos depois, é necessária uma combinação de negócios “poderosos” e ação estatal.

Allamand lamentou que, devido à pandemia de covid-19 e à invasão russa contra a Ucrânia, fatores como a inflação tenham retornado à região.

Além disso, recordou que ainda é uma tarefa na América Latina reduzir a desigualdade, e por isso instou o setor empresarial a promover oportunidades, “porque este setor sabe disto”.

O político disse que o desenvolvimento na América Latina deve ser “politicamente inclusivo”, referindo-se ao fato de os empresários precisarem de acordos nacionais entre setores políticos para promover o progresso a longo prazo.

Allamand considerou também que a região deveria incorporar mais mulheres a nível executivo, porque foi demonstrado que isto oferece “objetivamente” melhores resultados nas empresas que o fazem.

“As mulheres melhoram o clima de trabalho e são mais produtivas do ponto de vista da rentabilidade, mas são necessários pelo menos 57 anos para alcançar a igualdade no setor na América Latina, de acordo com estudos recentes”, afirmou.

Parceria público-privada

O presidente da Confederação Espanhola de Organizações Empresariais (CEOE) e chefe da Secretaria Permanente do Conselho de Empresários Ibero-americanos (CEIB), Antonio Garamendi, também falou na abertura do evento, favorecendo alianças público-privadas para promover o desenvolvimento.

“Convidamos as empresas a colocar as pessoas no centro das nossas decisões, empenhando-se na educação e na sustentabilidade, a fim de impulsionar a indústria e, com isso, alcançar o desenvolvimento social dos nossos povos”, analisou.

A reunião de negócios terminará na sexta-feira, com a apresentação das suas conclusões à Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo.

A cerimônia de encerramento será conduzida pelo rei da Espanha, Felipe VI, e pelo presidente dominicano, Luis Abinader. EFE