O papa Francisco. EFE/Arquivo/Maurizio Brambatti

Papa Francisco pede uso ético da inteligência artificial

Cidade do Vaticano (EFE).- O papa Francisco reconheceu, nesta segunda-feira, o potencial de novas tecnologias, mas hoje pediu o uso ético da inteligência artificial, em um discurso aos participantes de uma reunião de nível de cientistas e especialistas organizada pelo Dicastério para a Cultura e a Educação.

“Considero que o desenvolvimento da inteligência artificial e da aprendizagem da máquina tem o potencial de dar uma contribuição benéfica para o futuro da humanidade”, disse o papa em seu discurso.

Mas, afirmou, “ao mesmo tempo (…) este potencial só será realizado se houver uma vontade coerente por parte daqueles que desenvolvem as tecnologias para agir de forma ética e responsável”.

A esse respeito, mostrou sua preocupação por que “as tecnologias digitais têm servido para aumentar as desigualdades no mundo” e levantou algumas questões: “Nossas instituições nacionais e internacionais são capazes de responsabilizar as empresas de tecnologia pelo impacto social e cultural de seus produtos?”

“Existe o risco de que a crescente desigualdade possa minar nosso senso de solidariedade humana e social? Poderíamos perder nosso senso de destino compartilhado?”, questionou.

O verdadeiro objetivo, disse, “deve ser que o crescimento da inovação científica e tecnológica seja acompanhado por uma maior igualdade e inclusão social”.

Ele também enfatizou que “o conceito de dignidade humana intrínseca exige que reconheçamos e respeitemos o fato de que o valor fundamental de uma pessoa não pode ser medido apenas por dados”.

“Na tomada de decisões sociais e econômicas”, continuou, “devemos ser cautelosos ao delegar julgamento a algoritmos que processam dados, muitas vezes coletados sub-repticiamente, sobre a constituição e o comportamento anterior de um indivíduo”.

E acrescentou: “Não podemos permitir que algoritmos limitem ou condicionem o respeito pela dignidade humana, ou excluam a compaixão, a misericórdia, o perdão e, acima de tudo, a esperança de que as pessoas sejam capazes de mudar”.

Ele advertiu que esses dados podem estar “contaminados pelos preconceitos e ideias preconcebidas da sociedade”.

“O comportamento passado de uma pessoa não deve ser usado para negar-lhe a oportunidade de mudar, crescer e contribuir para a sociedade”, acrescentou. EFE