Andrés Manuel López Obrador. EFE/Arquivo/Isaac Esquivel

Presidente do México responsabiliza imigrantes por incêndio na fronteira com EUA

Cidade do México (EFE).- O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, culpou nesta terça-feira um protesto de imigrantes pelo incêndio que matou 40 deles em um posto do Instituto Nacional de Migração (INM) na fronteira com os Estados Unidos.

“Isto teve a ver com um protesto que, supomos, eles começaram a partir do momento em que souberam que seriam deportados e, como protesto, colocaram colchonetes na porta do abrigo e os incendiaram. Eles não imaginavam que isso iria causar esse terrível infortúnio”, declarou López Obrador em sua coletiva de imprensa matinal.

O presidente mexicano explicou que o incidente ocorreu às 21h30 de segunda-feira (hora local, 1h30 de terça-feira em Brasília) em Ciudad Juárez, na fronteira com a cidade americana de El Paso, no Texas, com um balanço oficial de 40 mortos, a maioria deles da América Central e da Venezuela.

“O que sabemos até agora é que os imigrantes eram principalmente da América Central e alguns da Venezuela que estavam naquele abrigo. Ainda não sabemos exatamente os nomes e a nacionalidade daqueles que infelizmente perderam a vida. É muito triste”, comentou López Obrador.

Na área do incidente, perto do Rio Grande, que divide México e Estados Unidos, a EFE encontrou dezenas de bolsas contendo os corpos dos imigrantes que morreram no incêndio.

Testemunhas disseram à imprensa local que o incêndio começou na área onde os imigrantes estavam detidos e alguns deles ficaram presos.

Antes do incidente, agentes do INM realizaram uma operação para retirar imigrantes que mendigavam nas ruas.

A presença de imigrantes na área se intensificou este ano desde que os Estados Unidos anunciaram novas medidas que incluem a deportação imediata de cidadãos indocumentados de Haiti, Venezuela, Nicarágua e Cuba que chegam ao país por via terrestre.

O governo mexicano também enfrentou críticas de organizações de direitos humanos por aceitar as políticas dos Estados Unidos e mobilizar mais de 20.000 militares nas fronteiras para tarefas de imigração.

Segundo organizações civis mexicanas, 2022 foi o ano mais trágico para os imigrantes no México, pois cerca de 900 morreram tentando cruzar sem documentos do país para os Estados Unidos.

A região vive um fluxo migratório recorde, com 2,76 milhões de imigrantes indocumentados detidos na fronteira EUA-México no ano fiscal de 2022 e, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), o fluxo migratório aumentou 8% no território mexicano. EFE