Salman Rushdie. EFE/Arquivo/HAYOUNG JEON

Salman Rushdie é ovacionado em primeira aparição pública após atentado

Nova York (EFE).- O escritor Salman Rushdie, gravemente ferido em um atentado cometido por um extremista muçulmano em agosto do ano passado, fez sua primeira aparição pública na noite de quinta-feira, quando participou da cerimônia de entrega de prêmios da fundação PEN America em Nova York e foi ovacionado pelo público.

Rushdie escondeu o olho que perdeu durante o ataque com uma lente preta, e mostrou que não perdeu o bom humor nas primeiras palavras: “Olá a todos. É bom estar aqui de novo, comparado a não estar, que também era uma opção. Estou muito feliz que os dados tenham caído dessa maneira”.

O escritor, que sempre esteve intimamente ligado ao PEN America – fórum que reúne escritores consagrados – e se tornou seu presidente, recebeu o Prêmio à Coragem por ter sobrevivido ao ataque de Hadi Matar, um jovem de 24 anos de origem libanesa.

Na hora de receber o prêmio, Rushdie quis homenagear todos aqueles que o ajudaram no dia do atentado, ocorrido em uma instituição no interior do estado de Nova York.

“Eu fui o alvo naquele dia, eles foram os heróis. A coragem naquele dia foi toda deles”, declarou, deixando claro que não pretende ficar calado após o atentado.

“O terrorismo não deve nos aterrorizar. A violência não pode nos deter. Como diziam os velhos marxistas, la lutte continue, la lutta continua”, afirmou o escritor, em francês e italiano.

Rushdie foi condenado à morte por uma fatwa emitida pelo aiatolá Khomeini do Irã em 1989 pela publicação do livro “Versos Satânicos”, e desde então passou a maior parte de sua vida sob escolta permanente, embora nos últimos tempos a vigilância tenha sido relaxada.

O agressor de Rushdie, Hadi Matar, está em prisão preventiva sob a acusação de tentativa de homicídio e pode ser condenado a até 25 anos de prisão.

Na única entrevista que deu após o ataque, Matar reconheceu que havia lido apenas “algumas páginas” da obra de Rushdie. EFE