AME1841. BOGOTÁ (COLOMBIA), 23/09/2023.- Camilo González, jefe negociador del Gobierno colombiano con el Estado Mayor Central (EMC), disidencia de las FARC, habla durante una entrevista con EFE, el 21 de septiembre de 2023, en Bogotá (Colombia). "No habrá paz sobre la base del temor", alerta Camilo González, jefe negociador del Gobierno con el Estado Mayor Central (EMC), principal disidencia de las FARC, en una semana en que han explotado dos carros bomba contra estaciones de Policía, una situación que no se puede manejar con "desesperación" para evitar que "un petardo o una nueva situación nos prohíba llegar a la ruta de la paz". EFE/ Mauricio Dueñas Castañeda

Putin retoma agenda em meio a informações sobre purgas após rebelião armada

Moscou (EFE).- O presidente da Rússia, Vladimir Putin, retomou a sua agenda normal nesta quarta-feira, depois de ter passado quatro dias lidando com as consequências da rebelião armada de mercenários liderada pelo chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin.

Depois de passar a manhã no Kremlin, o mandatário se deslocou ao Daguestão, no Cáucaso Norte, para falar sobre turismo e se reunir com o chefe desta república, Sergey Melikov, um sinal de que Putin quer virar a página do episódio, pelo menos em público.

No entanto, as consequências da revolta ainda serão sentidas. O próprio presidente deu indícios no dia anterior de que assim será.

Processo em curso

Apesar do encerramento do caso penal contra Prigozhin, dono da empresa privada de mercenários e de restaurantes, Putin sugeriu que o empresário de 62 anos de São Petersburgo poderá não estar tão livre assim de processos no seu exílio em Belarus.

O mandatário deu a entender que os negócios de Prigozhin e a questão de saber se houve “roubo” nos contratos multimilionários de catering para o Estado e as Forças Armadas ganhos por uma das suas empresas, a Concord, serão investigados.

Prigozhin tem seis empresas registradas em seu nome, enquanto outras estão ligadas a ele, e negócios como restaurantes e hotéis à sua família.

Putin “está tentando retratar o financiador do Grupo Wagner como corrupto e mentiroso, a fim de destruir a sua reputação entre os funcionários do Wagner e dentro da sociedade russa”, afirmou o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), com sede nos EUA.

Prigozhin ganhou apoio popular desde que começou a denunciar, em áudios e vídeos, o “caos” russo na guerra da Ucrânia e a criticar a gestão e a “corrupção” dos “burocratas” da defesa.

Contra o aumento de sua popularidade

De acordo com uma pesquisa do centro Levada, o único “agente estrangeiro” independente e declarado, a confiança dos russos no chefe do Grupo Wagner em maio era de 4%, contra 1% em abril.

Pela primeira vez, figurava entre os dez políticos em que os russos mais confiam, atrás apenas do seu inimigo, o ministro da Defesa, Sergey Shoigu (10%).

O fato de o empresário gozar de uma certa popularidade entre os russos já era visível quando dezenas de cidadãos aplaudiram os mercenários e Prigozhin quando estes se retiraram da cidade de Rostov-on-Don, a qual tinham tomado durante a rebelião.

A “limpeza” do Grupo Wagner iniciada pelo Kremlin e pela Defesa consiste em obrigar os mercenários a assinar contratos com o Exército regular ou a retornar a casa ou se exilar em Belarus.

Mas alguns observadores militares russos frisam que esta não será a única limpeza pós-insurreição de Putin. O conhecido canal de Telegram para informações sobre a guerra na Ucrânia Rybar observou que a rebelião armada “se tornou a razão para purgas em grande escala nas fileiras das Forças Armadas”.

“Há vários dias que investigadores e representantes do Serviço Federal de Proteção (responsável pela segurança de altos cargos, incluindo Putin) têm entrevistado comandantes militares e de unidades”, disse.

Outros blogueiros militares afirmam que a suposta purga também afeta os pilotos que se recusaram a atacar os comboios do Grupo Wagner que se aproximavam de Moscou no sábado e os guardas fronteiriços que também não conseguiram parar os mercenários na região de Rostov.

O jornal “The New York Times” afirmou que o general Sergey Surovikin, vice-chefe das forças russas na Ucrânia e o único comandante militar que Prigozhin afirmava respeitar, sabia dos seus planos com antecedência e não os comunicou.

Conhecido como “general Armagedom” pela sua mão pesada, atuou até sábado como elo de ligação entre a liderança militar em Moscou e o chefe do Grupo Wagner, mas foi também um dos primeiros comandantes a lançar um apelo aos mercenários para que desistissem dos seus planos, ainda na noite de sexta-feira, quando a rebelião começou.

“Em torno destes acontecimentos, haverá agora muita especulação e conjectura. Penso que este é um exemplo disso”, declarou nesta quarta-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. EFE