Havana (EFE).- As secas, os ciclones, o degelo das geleiras e os incêndios florestais estão se agravando na América Latina e no Caribe, criando um “círculo vicioso” que acelera o aquecimento global em uma região especialmente vulnerável à mudança climática, segundo alertou nesta quarta-feira a Organização Meteorológica Mundial (OMM).
A entidade, que faz parte da ONU, apresentou nesta quarta-feira em Havana o relatório “O estado do clima na América Latina e no Caribe”, no qual destaca que os “fenômenos meteorológicos extremos e os choques climáticos estão se agravando” na região.
A situação está acelerando “a tendência ao aquecimento no longo prazo e o aumento do nível do mar”.
Segundo os registros da OMM, as temperaturas aumentaram na região, em média, 0,2 graus por década nos últimos 30 anos, a maior taxa constatada globalmente.
Segundo a OMM, a crise climática (além do fenômeno recente La Niña) está ocasionando secas prolongadas, que levam à queda na produção hidrelétrica e a um aumento no uso de combustíveis fósseis; piores safras, incêndios florestais “sem precedentes” e degelo dos glaciais da região; além de ciclones e chuvas torrenciais.
Além disso, “o recente aumento do nível do mar e o aquecimento dos oceanos representam riscos cada vez maiores para os meios de subsistência, para os ecossistemas e para as economias das regiões litorâneas”, afirmou em comunicado Petteri Taalas, secretário-geral da OMM.
Quase 80 perigos em 2022
A OMM registrou, ao longo do ano passado, “78 perigos meteorológicos, hidrológicos e climáticos” na América Latina e no Caribe.
Foram principalmente casos de tempestades, mas também ocorreram furacões, secas e incêndios florestais, que deixaram ao menos 1.153 mortos e danos econômicos no valor de US$ 9 bilhões (R$ 43,24 bilhões).
O relatório destaca os danos causados em 20022 pelas chuvas em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, que deixaram 230 mortos; além da seca na bacia dos rios Paraná e Prata, a pior desde 1944; a mega seca de 14 anos no Chile, além de incêndios florestais em diversos países da América do Sul.
Aos olhos da OMM, os latino-americanos e caribenhos devem ser mais conscientes dos riscos relacionados com o clima, e os governos da região devem adotar medidas para que “os sistemas de alerta precoce sejam fortalecidos e cheguem aos mais necessitados”.
Quanto à segurança alimentar, o documento destaca que a América Latina e o Caribe desempenham “um papel fundamental na produção de alimentos”, por contarem com cerca de 8% da população “subalimentada” e por exportar parte da produção agrícola e de gado.
Além disso, o relatório destaca que a região é “muito vulnerável aos riscos climáticos”, visto que cerca de três quartos da população, estimada em 700 milhões de pessoas, vivem em “assentamentos urbanos informais”.
Esse é o terceiro informe anual da OMM sobre os efeitos do aquecimento global na América Latina e Caribe, um documento que visa proporcionar dados às autoridades dos países da região para fundamentar as políticas locais. EFE