Villagers collect belongings following a storm surge brought by an approaching typhoon that destroyed their homes, at a coastal village in Manila, Philippines, 02 October 2023. EFE-EPA/FRANCIS R. MALASIG

Erdogan quer abrir “nova era” com Biden após retirar veto contra Suécia na Otan

Vilna (EFE).- O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse nesta terça-feira ao mandatário americano, Joe Biden, que quer abrir uma “nova era” de cooperação com os Estados Unidos, um pedido que surge depois de o líder turco ter levantado o seu veto à adesão da Suécia à Otan.

Erdogan fez essas declarações à imprensa no início de uma reunião com Biden à margem da cúpula de líderes da Otan realizada hoje e amanhã em Vilnius, na Lituânia.

Sentado ao lado de Biden e com o logotipo da Otan e as bandeiras dos dois países como pano de fundo, Erdogan começou a sua fala agradecendo ao líder americano por tê-lo parabenizado pela vitória nas eleições presidenciais de maio, que lhe permitirá continuar a governar por mais cinco anos.

“Senhor presidente, meu caro amigo, a primeira coisa que quero fazer é agradecê-lo por me ter parabenizado, após as eleições, pela minha atual posição. Estou grato pelas mensagens de felicitações que me enviou”, começou Erdogan.

O político islâmico, que está no poder há 20 anos, disse ainda que “já é hora” de os chefes de Estado da Turquia e dos Estados Unidos se encontrarem mais vezes, e considerou o encontro de hoje entre os dois “um primeiro passo em frente”.

“Os nossos encontros anteriores foram meros aquecimentos, mas agora estamos iniciando uma nova era”, sublinhou Erdogan.

O mandatário turco afirmou que esta nova era de parceria entre os EUA e a Turquia durará cinco anos e manifestou a sua esperança de que o vínculo entre os dois países continue com a reeleição de Biden nas eleições presidenciais de 2024.

Este último comentário parece ter surpreendido Biden, que respondeu com uma gargalhada: “Obrigado. Estou ansioso para voltar a me encontrar contigo nos próximos cinco anos”, comentou.

A reunião ocorreu após a decisão de Erdogan de desbloquear a adesão da Suécia à Aliança. O anúncio da decisão da Turquia foi feito pelo secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, na noite de segunda-feira, um dia antes do início da cúpula da Aliança Atlântica e após uma reunião entre o próprio Stoltenberg, Erdogan e o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson.

A Turquia tinha bloqueado a adesão da Suécia à Otan, alegando que o país nórdico tem uma atitude relaxada em relação ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), uma guerrilha que lançou uma luta armada contra o Estado turco em 1984 e que é considerada um grupo terrorista por Turquia, Suécia, União Europeia e Estados Unidos.

Na sequência das queixas turcas, a Suécia reformou a sua legislação antiterrorista e criminalizou a mera filiação ou o apoio financeiro ou de outro tipo a uma organização terrorista.

De acordo com o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, os Estados Unidos desempenharam um papel importante nessas negociações para desbloquear a oferta sueca.

Segundo Sullivan, a gestão de Biden se esforçou para deixar claro a Erdogan que estava disposta a facilitar a entrega à Turquia dos sofisticados caças F-16 fabricados nos EUA que Ancara há muito tempo tinha solicitado e cuja venda foi bloqueada pelo Congresso dos EUA.

As relações bilaterais entre EUA e a Turquia azedaram depois de Erdogan ter assinado um acordo com a Rússia, em 2017, para a compra de sistemas antimísseis russos S-400, o que levou à imposição de sanções americanas e levou Washington a suspender a venda de caças F-35 fabricados nos EUA a Ancara.

Estas questões não foram resolvidas, mas os Estados Unidos continuam a considerar a Turquia um importante aliado da Otan. EFE