Brasília (EFE).- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira que a cúpula dos países amazónicos que convocou para a próxima semana será “um marco histórico” para “a discussão da questão climática” no mundo.
“Será a primeira vez em 45 anos que os presidentes dos países amazônicos nos reuniremos com a expectativa de discutir políticas comuns”, disse Lula em sua primeira coletiva de imprensa com correspondentes estrangeiros desde que chegou ao poder em 1º de janeiro.
“O mundo precisa ver esta reunião como um marco histórico para a discussão da questão climática”, uma vez que tratará “como evitar que as florestas continuem sendo destruídas” e ao mesmo tempo garantirá o desenvolvimento e inclusão de seus habitantes, destacou o presidente.
A cúpula será realizada nos dias 8 e 9 de agosto na cidade de Belém e, segundo fontes oficiais, já estão confirmadas as presenças dos presidentes da Bolívia, Luis Arce; da Colômbia, Gustavo Petro; da Guiana, Irfaan Ali, e da Venezuela, Nicolás Maduro.
Também se espera a presença da presidente peruana, Dina Boluarte, cuja viagem depende de autorização do Congresso de seu país, enquanto já foram confirmadas as ausências por questões internas dos governantes do Equador, Guillermo Lasso, e do Suriname, Chan Santokhi, embora pretendam enviar representantes à reunião.
Em busca de ações comuns
“Será um momento de muita seriedade” e servirá para “discutir a questão do clima com responsabilidade”, do ponto de vista das “soberanias nacionais” mas também com a convicção de que é necessária uma visão conjunta e “ações comuns” dos países amazônicos para a preservação do meio ambiente, destacou Lula.
O presidente antecipou que, das discussões anteriores à cúpula, já está claro que dessa reunião “sairá um documento muito contundente”, que deverá ser apresentado conjuntamente à Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática em 2023 (COP28), que será realizada a partir de 30 de novembro em Dubai.
Embora não tenha antecipado muito do seu conteúdo, garantiu que, além de enfatizar a busca pelo desenvolvimento econômico que “não destrua ainda mais as florestas”, o documento tratará também dos compromissos não cumpridos nos últimos anos pelos países mais desenvolvidos.
Lula frisou que também espera um acordo firme para que os países amazônicos reforcem o combate a todas as máfias que atuam na região, a maioria dedicada ao tráfico de pedras preciosas, madeira, armas, drogas, animais e até pessoas, bem como à pirataria científica.
Da mesma forma, ressaltou que as ações que serão discutidas em Belém terão como objetivo a defesa dos povos indígenas e seus modos de produção e culturas, e promoverão a participação da ciência “para promover o desenvolvimento econômico sem destruir”, pois “ninguém tem o direito de destruir uma árvore de 300 anos”.
Lula tem reiterado que as nações mais ricas ainda não terminaram de assumir os acordos firmados em outras conferências do clima e tem dado ênfase especial ao descumprimento dos financiamentos já acordados para os países em desenvolvimento protegerem seus biomas.
“Quem cumpriu os acordos de Copenhague ou Kyoto? Ninguém”, disse o presidente, que reiterou que o Brasil honrará seu compromisso de acabar com o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030. EFE