Exploração de petróleo em reserva na Amazônia peruana preocupa ambientalistas e indígenas

Lima (EFE).- Organizações ambientais e líderes indígenas alertaram sobre as ameaças à biodiversidade e às comunidades nativas relacionadas à possível exploração e extração de petróleo no campo MD-XP-001, localizado no coração da Amazônia peruana.

O lote, de acordo com a organização Direito, Ambiente e Recursos Naturais (DAR), está entre as 31 áreas que a Perupetro – empresa estatal responsável por promover, negociar e supervisionar as atividades relacionadas à exploração de hidrocarbonetos no país -, incluiu em sua lista de “oportunidades”.

O MD-XP-001 está localizado entre a Reserva Comunal Amarakaeri e a zona de amortecimento dos Parques Nacionais Manu e Bahuaja Sonene, razão pela qual a DAR advertiu “sobre os riscos envolvidos na prospecção e exploração de hidrocarbonetos nessa área.

Em entrevista à Agência EFE, a coordenadora do programa de sustentabilidade da DAR, Vanessa Cueto, disse que o lote atualmente faz parte das “áreas divulgadas” e está em “fase de promoção”.

“O que nos preocupa é todo o processo de promoção dessas novas áreas no Peru, especialmente as áreas amazônicas”, acrescentou.

Com relação ao lote MD-XP-001, ela explicou que ele se sobrepõe a uma reserva comunal muito importante no Peru, a Amarakaeri, criada em 2003 e com uma vasta extensão de mais de 400.000 hectares.

Essa área foi criada como uma reserva com “o objetivo de conservar um centro de grande diversidade biológica”, pois é “um refúgio para muitas espécies de flora e fauna e tem valores culturais muito importantes para as comunidades indígenas dessa região”.

Novas palavras, velhas promessas

Para o membro do Conselho de Administração da Associação Interétnica para o Desenvolvimento da Floresta Tropical Peruana (Aidesep) Julio Cusurichi, o pior é que “o governo sempre vem com novas palavras”, mas não dá prioridade ao desenvolvimento.

Seu grande temor é que essa oportunidade de exploração signifique destruição, “privação” e contaminação e um grande prejuízo para as comunidades locais.

Para ele, a licitação desse lote mostra que as autoridades “atendem aos interesses econômicos” e não àqueles que deveriam ter voz e contar com assistência mediante um projeto dessa magnitude.

Caso a exploração do local venha a se tornar realidade, ele chamou atenção para o fato de que “uma comunidade sem território” ou com um rio contaminado, está “a caminho de desaparecer gradualmente”.

Além disso, Cusurichi lembrou que a água é “parte da cosmovisão” das comunidades indígenas do Peru e de sua espiritualidade.

Com relação à questão meio ambiental, ele garantiu que a Aidesep não se posiciona “contra o desenvolvimento”, mas afirmou que consideram que ele deve andar de mãos dadas com o “fortalecimento da iniciativa dos povos indígenas”.

Por esse motivo, propôs projetos relacionados ao “turismo, ao ecoturismo ou à piscicultura”, para que possam agregar “valor aos recursos naturais das florestas”. EFE