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Na ONU, Zelensky diz que Rússia tenta conquistar alguns países com acordos sorrateiros

Nações Unidas (EFE) – Em discurso nesta terça-feira na Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de tentar conquistar alguns países com acordos por debaixo dos panos e os advertiu que “não se pode confiar no diabo”.

Zelensky, que foi o líder mais aplaudido ao entrar no plenário da Assembleia, realizada na sede da ONU, em Nova York, fez seu discurso em inglês e disse que amanhã vai apresentará ao Conselho de Segurança da entidade os detalhes de seu plano de paz, que até o momento conta com forte apoio de União Europeia e Estados Unidos.

O presidente da Ucrânia era o líder mais aguardado na chamada Semana de Alto Nível da Assembleia Geral, à qual chefes de Estado importantes como os de França, China, Rússia não compareceram. Ele também não vai coincidir nos corredores com o ministro das Relações Internacionais russo, Sergey Lavrov, que ainda não chegou a Nova York.

Zelensky usou seu discurso para alegar que a Rússia, ao atacar a Ucrânia, coloca todos em perigo ao usar energia nuclear, alimentos e combustíveis como armas.

Ele disse que o abandono do Acordo do Mar Negro por parte da Rússia – que permitia a exportação de grãos ucranianos e fertilizantes russos por meio de um corredor seguro – está afetando uma grande variedade de países, incluindo Argélia, Espanha, Indonésia e China.

“O perigo mais iminente no momento é para os países que fazem fronteira com a Rússia, que quase absorveu Belarus e agora é uma ameaça óbvia para o Cazaquistão e outros países bálticos”, declarou Zelensky.

O presidente ucraniano também se referiu às divisões dentro da UE que surgiram ontem, quando três países do bloco – Polônia, Eslováquia e Hungria – anunciaram que vetariam os grãos ucraniano.

“Alguns de nossos amigos na Europa estão brincando com a solidariedade no teatro político, aumentando as tensões sobre os grãos, mas, na realidade, estão abrindo caminho para Moscou”, alertou.

A fala d Zelensky não foi tão aclamada quanto a do ano passado, quando ele se pronunciou à Assembleia da ONU por videoconferência. Desde então, ficou claro que vários países africanos e latino-americanos, assim como a China, defendem que a Ucrânia entre em negociações de paz sem condições.

Amanhã, Zelensky participará pessoalmente da reunião do Conselho de Segurança da ONU, acompanhado por vários líderes europeus, e depois planeja viajar para Washington, onde discursará no Senado dos EUA. EFE