Cidade do Panamá (EFE).- Defensores do meio ambiente da América Latina e do Caribe pediram, durante o segundo Fórum de Defensores dos Direitos Humanos em Assuntos Ambientais, maior proteção e “voz” diante da violência que sofrem na região.
“Pedimos que ouçam a voz dos defensores e da sociedade civil. Aqui será construído um plano de ação para que os países possam proteger os defensores”, disse à Agência EFE a assessora jurídica da Sociedade Peruana de Direito Ambiental (SPDA), Katherine Sánchez, que lamentou os assassinatos de “mais de 150 pessoas” na região latino-americana e caribenha.
Sánchez acrescentou que é necessário que os países comecem a se responsabilizar pela erradicação “das causas estruturais da violência”, e criticou o fato de que “países como o Peru e o Brasil não tenham ratificado” o Acordo de Escazú, único tratado ambiental da América Latina e pioneiro mundial no que diz respeito à proteção de ecologistas.
Vários defensores ambientais latino-americanos disseram à EFE esperar que, através deste evento, realizado entre os dias 26 e 28 de setembro na Cidade do Panamá, seja possível elaborar um plano para obter maior proteção contra a violência na região e a inclusão dos povos indígenas no Acordo de Escazú, que conta com 15 países signatários.
Segundo o relatório mais recente da associação internacional Global Witness, apresentado em setembro de 2022, 157 dos 200 assassinatos de defensores ambientais cometidos no mundo em 2021 foram registrados na América Latina. México, Colômbia e Brasil foram responsáveis por 113 mortes, e em 40% dos casos as vítimas eram indígenas.
Já em 2022, a Colômbia foi o país mais perigoso para ambientalistas, com 60 assassinatos, um número que é quase o dobro dos registros de 2021, quando 33 lideranças perderam a vida por seu trabalho, segundo dados da associação.
Indígenas latino-americanos pedem participar do Acordo de Escazú
“Pedimos que incluam uma cota indígena no acordo, queremos estar representados. Como povos indígenas, somos defensores diretos do meio ambiente, embora nosso país não tenha ratificado o Acordo de Escazú”, disse à EFE Saúl Vega Samuel, do povo asháninka, da Amazônia peruana.
Em abril, foi realizada a segunda reunião da Conferência das Partes do Acordo de Escazú, em Buenos Aires, que culminou com a formação do comitê para apoiar a aplicação e o cumprimento do tratado, mas nenhum dos seus sete membros é indígena.
“Estamos influenciando o desenvolvimento do plano do Acordo de Escazú para despertar o interesse de nossos líderes. Temos trabalhado para divulgar o Acordo porque muitas pessoas não o conhecem e para promover mecanismos de participação”, afirmou o líder indígena guatemalteco Kleidy Sacbá.
Por sua vez, a colombiana Judy Jacanamejoy, do povo indígena kamëntsa, exigiu o “reconhecimento dos espaços sagrados como mecanismos de autoproteção dos defensores ambientais”. EFE