Josep Borrell. EFE/Arquivo/OLEG PETRASYUK

Borrell defende que UE continue apoiando economicamente a Palestina

Bruxelas (EFE).- O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, defendeu nesta terça-feira a necessidade de que a União Europeia siga oferecendo ajuda econômica aos palestinos, apesar da revisão dos fundos que Bruxelas iniciou para garantir que não acabe nas mãos do Hamas, a quem considera uma organização terrorista.

“O financiamento deve continuar e os pagamentos não devem ser interrompidos. (…) Esta revisão não deve ser uma desculpa para atrasar a implementação da nossa cooperação”, que “deve ser feita rapidamente”, destacou Borrell durante entrevista coletiva a partir de Omã, onde presidiu uma reunião extraordinária de ministros das Relações Exteriores da UE para analisar a guerra entre Israel e Hamas.

Uma reunião em que vários ministros participaram por videoconferência e outros pessoalmente, e outros de forma presencial, uma vez que estiveram em Mascate para participar da reunião da UE com o Conselho de Cooperação do Golfo (CCG).

Segundo o alto representante da UE para Relações Exteriores, a grande maioria dos países europeus, “exceto dois ou três”, eram a favor de continuar a fornecer ajuda à Palestina.

Áustria, Itália e Hungria defenderam a necessidade de suspender a assistência da UE à Palestina, disseram à Agência EFE fontes presentes na reunião.

Foi precisamente o comissário húngaro, Oliver Varhelyi, que ontem afirmou que Bruxelas suspendeu toda a ajuda ao desenvolvimento da Palestina.

Uma afirmação que o Executivo comunitário desmentiu horas depois, ao garantir que Bruxelas está analisando se deve distribuir os fundos à Autoridade Nacional Palestiniana, à Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês) e aos projetos de ajuda à população terminaram nas mãos do Hamas.

Especificamente, a Comissão atribuiu 691 milhões de euros entre 2021 e 2023, dos quais 463 milhões já foram gastos, segundo números fornecidos pela própria instituição.

“Se descobrirmos que temos financiado as atividades terroristas do Hamas, alguém terá de assumir responsabilidades políticas por isso. Não creio que tenha acontecido, mas vamos verificar”, disse o chefe da diplomacia europeia.

“Nem todos os palestinos são terroristas. Portanto, a punição coletiva contra todos os palestinos seria injusta e improdutiva. Iria contra os nossos interesses e contra os interesses da paz”, disse Borrell.

Os ministros da UE, explicou Borrell, condenaram os “ataques terroristas” do Hamas, bem como “qualquer” ataque a civis, tanto israelenses como palestinos.

O alto representante afirmou que “este é um momento crítico em que a reação ao ataque bárbaro do Hamas causou uma situação em que temos de lembrar que o direito (de Israel) à defesa tem de ser feito dentro do direito internacional”.

Neste sentido, disse que “cortar o abastecimento de água, cortar a eletricidade, cortar a alimentação a uma grande parte da população”, como fez Israel na Faixa de Gaza, “é contrário ao direito internacional”.

“Estes são dias tristes, mas talvez seja uma oportunidade para colocar a paz de volta na mesa, para evitar outro ciclo de violência”, disse Borrell.

O número de mortos no ataque surpresa que o Hamas, organização islâmica que domina Gaza, lançou no último sábado contra várias cidades próximas da Faixa, ultrapassa os 900 mortos e os 2,4 mil feridos, 500 deles gravemente.

Do lado palestino, os bombardeios aéreos israelenses custaram a vida a 830 habitantes de Gaza, muitos deles civis, segundo as autoridades de Gaza.

A isto somam-se cerca de 1,5 mil milicianos do Hamas que morreram durante o ataque ou em combates subsequentes em território israelense, segundo a contagem do Exército de Israel, que esta manhã recuperou o controle da zona. EFE