Josep Borrell. EFE/Arquivo/WU HAO

Borrell considera “pouco realista” ultimato de Israel para evacuar norte de Gaza

Pequim (EFE).- O alto representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, Josep Borrell, disse nesta sexta-feira que considera “pouco realista” o ultimato dado pelo Exército de Israel para que mais de um milhão de pessoas abandonem o norte da Faixa de Gaza.

Em entrevista coletiva em Pequim ao lado do ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, com o qual copresidiu o Diálogo Estratégico UE-China, o diplomata europeu opinou que “certamente é pouco realista que um milhão de pessoas possa se deslocar em 24 horas”.

“Os avisos são positivos, mas têm de ser realistas para evitar consequências humanitárias devastadoras”, disse o chefe da diplomacia europeia, juntando-se a declarações semelhantes feitas pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

Segundo Borrell, “os civis devem ser alertados para as operações militares para que possam acontecer, como fez Israel, mas este tipo de alerta e o movimento que produz devem ser realistas”.

O chefe da diplomacia europeia reiterou a “profunda preocupação” da UE com a deterioração da situação humanitária em Gaza, diante da crescente escassez de combustível, água, eletricidade, alimentos e material médico.

“A criação de um bloqueio a estes produtos é uma violação do direito internacional”, afirmou Borrell, acrescentando que a UE apoia os esforços da ONU para ajudar a aliviar a situação, “incluindo o apelo à criação de corredores humanitários para a chegada de ajuda”.

Esta posição “é perfeitamente compatível com a condenação dos ataques do Hamas em Israel”, disse o político espanhol.

Borrell insistiu ainda que Israel “tem o direito de se defender, mas em conformidade com o direito internacional e humanitário”.

A escalada de violência entre Israel e o grupo islâmico Hamas foi um dos temas abordados por Borrell e pelo ministro chinês durante a reunião desta sexta-feira, na qual concordaram que “a única solução estável é a dos dois Estados e a comunidade internacional tem de se envolver mais para que isso seja possível”.

O número de mortos provocados pelos bombardeios israelenses em Gaza já superou 1.500, segundo a última contagem de quinta-feira do Ministério da Saúde de Gaza, enquanto o número de mortos do lado israelense provocados pelo ataque do Hamas se mantém em cerca de 1.300. EFE