Pequim (EFE).- O ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, afirmou nesta sexta-feira que a China prestará assistência humanitária à Faixa de Gaza através dos canais da ONU e defendeu que a solução de dois Estados é a única viável a longo prazo para o Oriente Médio.
“Ambas as partes, israelenses e palestinos, têm o direito a ter um Estado. Israel obteve uma garantia para a sua sobrevivência, mas quem se preocupa com os palestinos? É uma nação sem pátria. A solução de dois Estados é construir um Estado para a Palestina e essa é a forma de obter paz e segurança para ambos”, declarou Wang Yi após a sua reunião, em Pequim, com o alto representante da diplomacia europeia, Josep Borrell.
Wang Yi acrescentou que a China condena “qualquer ato que cause danos a civis” e que “a prioridade agora é proteger os civis e acabar com o conflito o mais rápido possível, antes que se deteriore ainda mais”.
O político chinês disse aos jornalistas em Pequim, depois de copresidir o Diálogo Estratégico UE-China com Borrell, que a Palestina se encontra “em uma situação crítica”.
“Temos de fazer todos os esforços para proteger os civis e abrir uma passagem humanitária. Os países envolvidos devem manter a calma e a contenção, ser objetivos e trabalhar no sentido de uma desescalada”, afirmou.
De acordo com o ministro, a China está em contato com as partes envolvidas e participará nas reuniões do Conselho de Segurança da ONU para “proteger os civis”.
“Prestaremos assistência humanitária de emergência à Faixa de Gaza através dos canais da ONU”, afirmou.
Além disso, frisou que o conflito é “uma velha ferida que ainda não foi fechada” e que “ambas as partes têm o direito de se estabelecerem como um Estado”.
“Há muitas injustiças no mundo, mas a injustiça contra a Palestina já dura há meio século. Não pode continuar”, comentou, afirmando que uma solução de “dois Estados” traria “segurança e paz” ao Oriente Médio.
Em defesa da paz internacional
A China enfatizou que “estará do lado da paz e da justiça internacional”.
“O caminho correto é retomar as negociações de paz para esse fim o mais rapidamente possível. O nosso enviado especial para o Oriente Médio visitará os países relevantes da região para fazer esforços no sentido de acabar com a violência”, destacou.
A fala de Wang surge depois de o governo israelense ter transmitido à China a sua “profunda decepção” com as declarações e comunicados oficiais do país asiático sobre a escalada de violência entre Israel e o grupo islâmico Hamas, que já causou mais de duas mil mortes.
O subdiretor do Ministério das Relações Exteriores de Israel para a região Ásia-Pacífico, Rafi Harpaz, transmitiu o descontentamento das autoridades israelenses ao enviado especial da China para o Oriente Médio, Zhai Jun, durante uma conversa por telefone na quinta-feira.
Nas mensagens da China “não há uma condenação clara e inequívoca do terrível ataque e do massacre atroz cometido pela organização terrorista Hamas contra civis inocentes e do sequestro e transferência de dezenas de pessoas para Gaza”, disse Harpaz a Zhai.
Entretanto, a declaração oficial do Ministério das Relações Exteriores chinês sobre este apelo não menciona as reprovações feitas por Harpaz e destaca que a China “espera sinceramente que Israel e Palestina possam coexistir em paz e está pronta para trabalhar com a comunidade internacional para promover conversações de paz e criar condições para que a paz possa ser alcançada”. EFE