Josep Borrell. EFE/Arquivo/WU HAO

Borrell anuncia “consenso básico” na UE sobre “pausa humanitária” para ajuda a Gaza

Luxemburgo (EFE).- Os países da União Europeia (UE) chegaram nesta segunda-feira a um “consenso básico” sobre a necessidade de exigir uma “pausa humanitária” em Gaza para que a ajuda possa chegar à Faixa, segundo anunciou nesta segunda-feira o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

“Há um consenso básico para compreender que uma pausa por razões humanitárias seria muito necessária para que a ajuda humanitária pudesse entrar sem correr os riscos de uma ação de guerra continuada”, disse Borrell em uma coletiva de imprensa ao final da reunião que realizaram hoje em Luxemburgo os ministros das Relações Exteriores da UE.

O alto representante da UE para Relações Exteriores salientou, no entanto, que uma pausa humanitária não é o mesmo que um cessar-fogo e que serão os líderes comunitários que definirão a posição do bloco na sua cúpula de quinta e sexta-feira em Bruxelas.

Borrell reconheceu que “uma pausa é um objetivo menos ambicioso do que um cessar-fogo”, mas observou que uma pausa pode ser acordada “mais rapidamente” e que os ministros “compreenderam” que é necessária inclusive para que a ajuda humanitária entre e não seja também “vítima” da “ação bélica”.

Nesse sentido, enfatizou que “a UE não pode decretar a pausa humanitária, as partes em conflito têm de decretá-la”.

“Acho que não há ninguém melhor do que o povo judeu para saber quanto dano um ser humano pode causar a outro. Ninguém melhor do que o povo judeu, que sofreu tantas perseguições ao longo dos séculos, para saber os danos que podem ser causados ​​de forma maligna, buscando prejudicar e fazer sofrer um ser humano”, afirmou o político espanhol.

O chefe da diplomacia europeia reiterou o direito de Israel se defender do ataque do Hamas de 7 de outubro, no qual morreram 1.400 pessoas, mas insistiu na necessidade de o governo israelense respeitar o direito humanitário internacional, que, segundo lembrou, proíbe cortar a água e a eletricidade de uma população.

Borrell indicou que esta é a quinta guerra que vê em Gaza e garantiu que já ouviu muitas vezes “desta vez vamos acabar com (o movimento islâmico) Hamas”.

Além disso, frisou a importância de “ter também em conta a situação do povo palestino em Gaza” e alinhou-se com as recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de que “a retenção é necessária na resposta a um ataque tão brutal como o sofrido por Israel”, que deve “travar a guerra de acordo com as regras da guerra”.

Outra questão sobre a qual os ministros concordaram, segundo Borrell, é que “uma escalada regional deve ser evitada” como resultado do confronto entre Israel e o Hamas.

Nesse contexto, alertou que a Rússia “está tentando tirar vantagem com campanhas de desinformação” e insistiu que “não devemos perder de vista” o objetivo de uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestino, uma solução sobre a qual “conversamos há 30 anos” e que “parece estar se afastando” com, por exemplo, a expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia.

Em qualquer caso, reiterou que a Europa “tem de se comprometer a lançar um processo político”.

“Teremos que elevar o nível de ambição, unir-nos aos países árabes para ver os limites da ação política que pode parar a violência”, declarou Borrell, que lamentou também a morte de 30 trabalhadores da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina. no Oriente Médio (UNRWA) devido à escalada do conflito. EFE