Sara Gómez Armas
Jerusalém (EFE) – O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que, quando a guerra com o grupo islâmico palestino Hamas terminar, o país pode assumir “indefinidamente” a segurança na Faixa de Gaza.
“Acho que Israel terá, por um período indefinido, a responsabilidade geral pela segurança, porque já vimos o que acontece quando não a temos”, afirmou Netanyahu em entrevista à rede americana ABC, respondendo a uma dúvida que continua desde que Israel iniciou sua ofensiva terrestre na Faixa de Gaza há dez dias.
“Quando não temos essa responsabilidade de segurança, o que temos é uma erupção do terror do Hamas em uma escala que não poderíamos imaginar”, acrescentou, referindo-se ao ataque brutal do grupo islâmico em solo israelense no dia 7 de outubro, que deixou 1.400 pessoas mortas – a maioria civis – e 240 sequestradas, desencadeando o início do atual conflito.
Os intensos bombardeios israelenses e a agressiva ofensiva terrestre já causaram, segundo as autoridades palestinas, mais de 10.320 mortes, incluindo 4.237 crianças, na Faixa de Gaza, que está mergulhada na pior catástrofe humanitária de sua história, com quase nenhum alimento, água potável, medicamentos ou combustível. A ajuda humanitária que está chegando é insuficiente.
O primeiro-ministro de Israel – que ainda não assumiu qualquer responsabilidade pelas falhas de inteligência que permitiram que mais de 3.000 homens do Hamas entrassem no país para o ataque sem precedentes – não especificou quem deveria assumir o controle do território palestino, controlado pelo Hamas desde 2007.
Biden contra ocupação
O governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se opõe a uma reocupação israelense da Faixa de Gaza e pediu que seja desenvolvido um plano para definir quem vai governar o território depois que o Hamas for removido do poder, já que cada vez mais a atenção se volta para a impopular Autoridade Nacional Palestina (ANP), que governa pequenas partes da Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967.
Em sua terceira viagem pela região desde o início da guerra, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, fez no domingo uma visita inesperada a Ramallah – capital administrativa da ANP – onde se reuniu com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, que é amplamente deslegitimado pela população.
Em conversa com Blinken, Abbas pediu o fim “imediato da guerra destrutiva entre Israel e Hamas” e disse que estava pronto para “assumir a responsabilidade por Gaza no âmbito de uma solução política abrangente”.
Sobre o futuro político da Faixa de Gaza no pós-guerra, Itamar Yaar, um coronel aposentado das Forças de Defesa de Israel (FDI), disse hoje que, assim que Israel acabar com o regime do Hamas, “a única opção é que uma força internacional assuma o controle transitório, de preferência dos países árabes da região”.
De acordo com Yaar, a alternativa “mais realista” é que a ANP assuma o controle político da Faixa pós-Hamas, pelas mãos dessa força internacional de transição, embora ele tenha admitido que essa é uma abordagem que não será amplamente apoiada pela sociedade israelense.
Cessar-fogo
Até que esse cenário futuro chegue, o que pode levar meses, Netanyahu continua a descartar um cessar-fogo que permitiria a ajuda humanitária e o descanso da população civil, forçada a fugir para o sul sob as bombas, apesar dos repetidos apelos dos EUA e do restante da comunidade internacional.
O premiê israelense ignorou os apelos de Blinken por um cessar-fogo temporário no final de semana e ontem voltou a fazê-lo em telefonema com Biden. Ele faz da libertação imediata de todos os reféns uma pré-condição para a pausa nos ataques e só está aberto a “pequenas pausas humanitárias”. EFE