Thierry Breto. EFE/Arquivo/JULIEN WARNAND

Comissário europeu diz que sem reciprocidade com o Mercosul é normal que não haja pacto

Paris (EFE).- O comissário europeu para o Mercado Interno, o francês Thierry Breton, defendeu nesta sexta-feira que é “perfeitamente normal” que o acordo de livre comércio entre a União Europeia e Mercosul não seja fechado se as regras não forem recíprocas, mas pediu que as negociações continuem.

“Enquanto não houver reciprocidade, é perfeitamente normal que não possamos concluir este acordo”, argumentou Breton em uma entrevista à emissora pública “FranceInfo”, em linha com a posição defendida por Paris.

Sobre esta questão, que está entre os temas centrais dos protestos de agricultores que ocorreram em diversos países, como França, Bélgica e Alemanha, nas últimas semanas, Breton lembrou que desde que as últimas versões deste acordo comercial começaram a ser negociadas em 2016, há noções que não estão integradas, como a importância da soberania alimentar.

Por isso, Breton defendeu que a Europa não pode ser “ingênua” nas negociações, uma vez que há pactos que são negociados em termos que são “um pouco do século passado”.

“Teremos que continuar”, esclareceu ainda sobre as conversas com o bloco sul-americano.

Relativamente aos protestos dos agricultores, o comissário europeu para o Mercado Interno reconheceu que as medidas tomadas pela União Europeia devem ser iguais e que “este não é o caso hoje”.

Por isso, mostrou-se favorável a algumas das medidas que o governo francês pretende propor a Bruxelas, confirmadas ontem pelo presidente Emmanuel Macron durante o Conselho Europeu extraordinário.

Especificamente, Breton disse que como comissário irá “apoiar fortemente” a iniciativa de dotar a UE de uma lei que garanta o equilíbrio das relações comerciais no setor agrícola e alimentar como a que existe na França.

Esta regra, chamada “lei Egalim”, exige que os industriais e distribuidores paguem aos agricultores preços que cubram ao menos seus custos.

A promessa de que os controles nesta matéria serão reforçados foi um dos pontos-chave para que os principais sindicatos agrícolas franceses apelassem ontem para começarem a suspender os bloqueios rodoviários que mantiveram durante dias.

O governo francês se comprometeu a verificar que, como alguns suspeitam, os grupos de distribuição que têm supermercados e hipermercados na França não utilizam seus centros de compras em países vizinhos como Espanha, Bélgica e Holanda para “contornar” o dispositivo Egalim.

E, além disso, vai propor a Bruxelas o estudo de um dispositivo unificado semelhante a nível comunitário. EFE