O papa Francisco. EFE/Arquivo/Fabio Frustaci

Papa chama de “hipocrisia” criticar a possibilidade de abençoar casais homoafetivos

Cidade do Vaticano (EFE).- O papa Francisco chama de “hipocrisia” criticar a possibilidade de abençoar casais homoafetivos, enquanto “ninguém fica escandalizado se eu der a minha bênção a um empresário que talvez explore pessoas”, em uma entrevista que será publicada amanhã na revista católica “Credere”.

“Ninguém fica escandalizado se eu der a minha bênção a um empresário que talvez explore as pessoas e isso é um pecado gravíssimo. Enquanto eles ficam escandalizados se eu der a minha bênção a um homossexual… Isso é hipocrisia!”, diz Francisco.

O pontífice acrescenta que “o cerne do documento é bem-vindo”, ao responder às críticas a ‘Fiducia Supplicans’, texto publicado pela Congregação para a Doutrina da Fé no qual explicava que os casais considerados “irregulares” pela Igreja, incluindo os do mesmo sexo, poderiam ser abençoados.

A histórica abertura do papa Francisco à bênção de casais do mesmo sexo ou em situação “irregular” como os divorciados recasados, tem sido saudada por muitas conferências episcopais do mundo, mas a ala mais conservadora a classifica de “blasfêmia” e outros bispos, como os africanos, seguem mostrando sua rejeição.

Em outro trecho antecipado da entrevista, o papa destaca que “abrir o trabalho na Cúria às mulheres é importante”.

“Na Cúria Romana existem agora várias mulheres porque desempenham certas funções melhor do que nós, homens”, diz Francisco.

Ainda sobre o seu estado de saúde, repete uma das frases que tem proferido nos últimos meses para tranquilizar sobre seu estado de saúde e seus problemas de mobilidade: “A Igreja se governa com a cabeça, não com as pernas”.

Na entrevista pede também uma Igreja mais próxima do povo: “As pessoas sofrem muito… nós, clérigos, às vezes vivemos confortavelmente… precisamos ver o trabalho, o sofrimento do povo”. EFE