EFE/SAMANTHA SALAMON

Julian Assange chega à Austrália após formalizar sua libertação com a Justiça dos EUA

Camberra (EFE).- O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, chegou nesta quarta-feira a Camberra em um avião particular depois de comparecer perante um tribunal nas Ilhas Marianas do Norte para formalizar sua libertação com a Justiça dos Estados Unidos, após passar 12 anos preso no Reino Unido.

O voo charter VJT199 pousou por volta das 19h40 (horário local, 6h40 de Brasília), no Aeroporto Internacional de Camberra, após cerca de sete horas de viagem, depois de partir de Saipan, nas Marianas do Norte.

“Depois de quase 14 anos de detenção arbitrária no Reino Unido e cinco anos em uma prisão de segurança máxima pelo seu trabalho inovador, Julian Assange voltou para casa na Austrália”, destacou o WikiLeaks na sua conta na rede social X.

Assange saiu do avião logo após pousar vestido com terno escuro, camisa branca e gravata, e com o punho erguido cumprimentou dezenas de jornalistas e apoiadores que o esperavam no aeroporto.

O australiano foi recebido na pista de pouso pela esposa, Stella Assange, a quem beijou e com quem se abraçou, e pelo pai, o arquiteto John Shipton.

“Estou muito nervosa e entusiasmada por poder ver Julian no aeroporto”, tinha dito anteriormente sua mulher em uma entrevista ao canal de YouTube Assange Freedom Fight, o grupo de apoio do ativista australiano.

O fundador do WikiLeaks conheceu sua atual esposa, que fazia parte de sua equipe jurídica, durante sua estada na embaixada do Equador em Londres (2012-2019), período em que tiveram seus dois filhos (Gabriel em 2017 e Max em 2019).

Assange deverá dar uma coletiva de imprensa em um hotel da capital australiana às 21h15 (8h15 de Brasília), depois de uma longa viagem desde que deixou Londres na segunda-feira, e que o levou a fazer uma escala técnica em Bangkok na terça-feira, antes de voar para as Ilhas Marianas do Norte, território dos EUA no Pacífico, para formalizar sua liberdade.

O ativista, jornalista e hacker australiano de 52 anos compareceu na manhã desta quarta-feira ao tribunal federal americano das Ilhas Marianas do Norte, em Saipan, onde a juíza Ramona Villagomez aceitou os termos pactuados entre o Departamento de Justiça dos EUA e a defesa de Assange.

Nos termos do acordo, no qual Assange se declarou hoje culpado de conspiração para obter e divulgar documentos confidenciais dos EUA, Villagomez condenou Assange a 62 meses de prisão, reconhecendo o tempo já cumprido na prisão de alta segurança de Belmarsh (Reino Unido), razão pela qual foi liberado em seguida.

A defesa do australiano solicitou que a audiência fosse realizada neste território americano devido à sua proximidade com a Austrália e porque Assange não desejava viajar para o território continental dos Estados Unidos.

Este episódio encerra uma saga de 14 anos que começou em 2010 com o maior vazamento de documentos confidenciais da história dos Estados Unidos, revelando ataques a civis no Iraque e no Afeganistão, bem como os maus-tratos a prisioneiros em Guantánamo, entre outros assuntos.

Após o vazamento, a Suécia emitiu um mandado de prisão contra o ativista sob a acusação de abuso sexual, que foi posteriormente retirado.

Assange refugiou-se na embaixada do Equador em Londres em 2012, até ser detido pelas autoridades britânicas em 2019, passando os últimos cinco anos em uma prisão de segurança máxima. EFE