O ministro de Relações Exteriores do Japão, Yoshimasa Hayashi, EFE/Ministério de Relações Exteriores do Japão

Chanceler japonês quer estreitar laços com América Latina: “Desafios comuns”

Tóquio (EFE).- O ministro das Relações Exteriores do Japão, Yoshimasa Hayashi, quer fortalecer a cooperação com Brasil, Argentina, México e Equador por conta dos “desafios comuns” enfrentados pela América Latina e que “devem ser resolvidos pela comunidade internacional”, segundo afirmou em entrevista à EFE antes de iniciar uma viagem por esses quatro países.

O chanceler japonês começou hoje uma viagem oficial por esses países que se estenderá até 15 de janeiro, em um tour que representa sua primeira visita à América Latina desde que assumiu o cargo em novembro de 2021, e que incluirá também uma parada em Nova York.

Em um “ano muito importante para a diplomacia japonesa”, marcado pela presidência rotativa do G7 e pela participação no Conselho de Segurança da ONU, para Hayashi foi “natural” escolher a América Latina como destino de sua primeira viagem oficial em 2023, “dado o potencial político e econômico da região”.

Hayashi enfatizou que o Japão compartilha valores e princípios fundamentais como “liberdade, democracia e estado de direito” com Brasil, Argentina, México e Equador, e enfatizou que Tóquio vem tentando fortalecer a colaboração com esses países em fóruns internacionais, bem como continuar promovendo “relações bilaterais estreitas e históricas”

“Com México, Brasil e Argentina temos colaborado estreitamente como membros do G20, e com Brasil e Equador trabalharemos juntos este ano no Conselho de Segurança da ONU. O México tem o maior número de empresas japonesas na América Latina, e também há cooperação com Brasil e Argentina, países com grande riqueza em recursos minerais e alimentícios”, explicou.

Em um momento em que a comunidade internacional enfrenta divisões crescentes devido à pandemia e à invasão russa da Ucrânia, o Japão salienta a importância da “coexistência” e do espírito de cooperação para manter e fortalecer “uma ordem internacional livre e aberta baseada no estado de direito”, segundo frisou seu chanceler, que também mencionou o princípio da “co-prosperidade”.

“A fim de trabalharmos juntos para superar os desafios globais, incluindo as crises alimentar e energética que a comunidade internacional enfrenta atualmente, durante esta visita teremos francas trocas de pontos de vista com os nossos homólogos de outros países e faremos um apelo por forte cooperação”, destacou.

Questionado sobre como o Japão pretende melhorar suas relações com a América Latina em um momento complexo diante das mudanças de governo e crises políticas em vários países da região, Hayashi citou o impacto de alguns problemas globais e outros “estruturais” e fez uma defesa da importância do multilateralismo para resolvê-los.

“(A América Latina) foi duramente atingida pelos efeitos da queda do preço dos recursos naturais desde meados da década de 2010, da mudança climática, da pandemia do coronavírus e da invasão russa da Ucrânia, e enfrenta problemas políticos e econômicos, incluindo a resolução de problemas estruturais, como a desigualdade social”, ponderou.

“O desenvolvimento estável da América Latina também é importante para o desenvolvimento das relações bilaterais entre o Japão e os países latino-americanos. Os desafios enfrentados pela América Latina são algo comum que deve ser resolvido pela comunidade internacional como um todo”, opinou.

Diante desse cenário, o Japão busca manter sua cooperação com os países latino-americanos “em seus esforços para reduzir a desigualdade e em prol de um desenvolvimento inclusivo e sustentável por meio da transformação verde e da transformação digital, que proporcionarão um novo crescimento”, ideias que Hayashi levantará durante seus encontros com seus homólogos latino-americanos.

Durante suas visitas a Brasil, Argentina, México e Equador, o chefe da diplomacia japonesa abordará também a resposta à invasão russa da Ucrânia, diante da qual foram adotadas diversas posições na comunidade internacional.

“Muitos países latino-americanos expressaram forte condenação à agressão russa. A votação na ONU é encorajadora, dado que um número esmagador de países disse ‘não’ à agressão russa, em comparação com outras regiões”, comentou.

O Japão considera que o mundo se encontra em uma “encruzilhada histórica” ​​e acredita que manter e fortalecer uma ordem internacional livre e aberta baseada no estado de direito é “essencial para a paz e a estabilidade”, algo que “não afeta apenas algumas regiões, mas a comunidade internacional como um todo, incluindo a América Latina”, assinalou o chanceler.

“Uma resposta unida da comunidade internacional é importante e espero manter uma comunicação próxima com todos os países durante esta visita”, completou Hayashi. EFE