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Putin afirma que “sob nenhuma condição” Rússia iniciará um ataque nuclear

Moscou (EFE).- O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira que, “sob nenhuma condição”, seu país será o primeiro a utilizar seu arsenal nuclear.

“A Rússia, sob nenhuma condição, será a primeira a usar (suas armas nucleares)”, garantiu Putin durante uma reunião por videoconferência com membros do Conselho de Direitos Humanos do Kremlin.

Ao mesmo tempo, o líder russo reconheceu que a ameaça de uma guerra nuclear está crescendo.

“A ameaça de uma guerra nuclear aumenta, por que vamos nos enganar?”, comentou.

Questionado sobre a implantação de armas táticas dos Estados Unidos em países europeus, Putin assegurou que a Rússia não cederá seu arsenal a ninguém, nem mesmo para seus aliados.

“As armas nucleares americanas estão em grande número em solo europeu. Não transferimos nossas armas nucleares para ninguém e não vamos fazê-lo”, disse Putin.

Além disso, garantiu que Moscou defenderá seus aliados “com todos os meios à sua disposição” em caso de necessidade.

Nesse sentido, o presidente russo reiterou que as armas nucleares do país são “mais avançadas e modernas” do que o arsenal de outras potências atômicas. 

Putin admite que guerra pode se estender, mas descarta nova mobilização

Putin, reconheceu que a guerra na Ucrânia pode demorar para terminar, mas descartou uma segunda onda de mobilização de reservistas.

“É claro que este pode ser um processo demorado”, disse o líder russo nesta quarta-feira durante uma reunião do Conselho de Direitos Humanos ligado ao Kremlin.

Além disso, Putin ressaltou que seria um erro não reconhecer que na Rússia “surgiram novos territórios”, referindo-se às quatro regiões ucranianas anexadas em setembro (Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhzhia).

“Este é um resultado significativo para a Rússia. E o mar de Azov se tornou um mar interior para a Rússia. Estas são coisas sérias. Pedro, o Grande, já lutou para encontrar uma saída para o Azov”, afirmou.

Putin alegou que os referendos realizados nestes quatro territórios mostraram que seus habitantes querem viver como parte da Rússia.

“E esse é o resultado mais importante. Agora eles estão conosco. E eles são milhões de pessoas. Isso é o principal”, enfatizou.

Putin usou a palavra “guerra” – o que não costuma fazer em relação ao conflito na Ucrânia – para assegurar que não foi a Rússia que começou os combates na região de Donbass em 2014, quando eclodiu uma revolta pró-russa contra Kiev.

Ele também descartou uma segunda onda de mobilização de reservistas para reforçar as tropas que já combatem na Ucrânia.

“Estes rumores (…) são um disparate. A partir de hoje, não há necessidade disso, nem para o Estado, nem para o Ministério da Defesa”, garantiu.

O líder russo explicou que metade dos reservistas, 150 mil homens, se juntou ao contingente destacado na Ucrânia e 77 mil estão em unidades de combate.

“Metade de todos os mobilizados ainda estão em campos militares ou centros de treinamento do Ministério da Defesa”, afirmou.

Putin também negou hoje que tenha havido uma deserção em massa no exército russo na Ucrânia e também a existência de prisões para desertores. EFE