Josep Borrell. EFE/Arquivo/OLIVIER HOSLET

Ucrânia “estará acabada” se não tiver ajuda, diz UE

Catalina Guerrero |

Bruxelas (EFE) – O alto representante da União Europeia para as Relações Exteriores, Josep Borrell, disse nesta quinta-feira que se a ajuda à Ucrânia parar, o país estará acabado na guerra com a Rússia, que, juntamente com a pandemia e a revolução tecnológica, está “reestruturando e mudando radicalmente o mundo”.

“Se deixarmos de ajudar a Ucrânia, a Ucrânia está acabada. Se a Rússia parar de atacar a Ucrânia, a guerra estará terminada”, declarou o chefe da diplomacia europeia em entrevista à Agência EFE que coincidiu com a primeira visita do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, a Kiev.

“É normal que o chefe da aliança, uma organização que não participa do fornecimento de armas à Ucrânia, embora muitos de seus membros o façam, vá a Kiev, como todos”, declarou Borrell, refutando a “narrativa russa” de que a guerra é de responsabilidade do Ocidente, assim como o fato de que a Otan tem tropas destacadas na Ucrânia.

“Senhores, houve um agressor e um agredido e o agressor tem que suspender a agressão. E enquanto isso não acontecer, o agredido tem que se defender. É simples assim”, salientou o alto representante da UE, em resposta àqueles que põem Ucrânia e Rússia no mesmo nível de responsabilidade pelo conflito, como fez recentemente o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.

Manutenção da ajuda à Ucrânia

“As armas enviadas à Ucrânia são para ela se defender de uma invasão e do bombardeio sistemático e contínuo ao qual a Rússia a submete, que está destruindo o país, daí a importância de a UE-27 aprovar definitivamente a alocação de 1 bilhão de euros para compras conjuntas de armas, centralizadas pela primeira vez pela Agência Europeia de Defesa e cujos detalhes estão sendo finalizados a nível de embaixadores da UE”, enfatizou Borrell.

“Este é o segundo ponto de um plano de três vias para acelerar o envio de armas à Ucrânia, cuja primeira parte – com mais 1 bilhão de euros – já está sendo implementada”, disse o alto representante da UE.

“Estamos pagando as contas que nos são apresentadas pelos países-membros, que têm enviado armas para Kiev, com o incentivo de que elas serão substituídas por uma nova produção. Se a Europa precisa de uma indústria de Defesa, e precisa, este é um bom momento para ajudá-la a se desenvolver, porque há o incentivo da demanda, que ajuda a reduzir as dependências e aumenta a autonomia”, acrescentou.

Segundo o chefe da diplomacia europeia, continuar a ajudar a Ucrânia – para onde foram enviados cerca de 67 bilhões de euros desde o início da invasão russa – também envolve a implementação dos dez pacotes de sanções adotados até o momento.

Borrell também afirmou que a UE precisa enviar à China uma mensagem de que ela precisa assumir a responsabilidade de pôr fim à guerra na Ucrânia.

“Não é do interesse da China apoiar a Rússia, porque isso vai polarizar ainda mais o mundo”, alegou.

“O que está claro é que a China está emergindo como uma potência política e diplomática e, na lógica das coisas, que com sua dimensão tecnológica e econômica, usará sua influência. No entanto, o problema é ver como ela vai administrar este poder”, finalizou. EFE