Londres (EFE).- O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, em prisão preventiva enquanto tramita seu processo de extradição para os Estados Unidos, pediu ao rei Charles III que o visite na prisão onde está desde 2019 para que ele pode apreciar “um reino dentro de seu reino”.
Em uma carta no tom irônico intitulada “Uma proposta real”, a que a Agência EFE teve acesso, o australiano de 51 anos “implora” a “seu senhor” que visite a Prisão de Sua Majestade Belmarsh, no sul de Londres.
“Afinal de contas, a medida de uma sociedade pode ser conhecida pela forma como ela trata seus prisioneiros, e seu reino certamente tem se destacado nesse quesito”, diz o jornalista, que está preso no Reino Unido desde 2010 apesar de não ter sido condenado por algum crime.
“Que delícia deve ser ter um estabelecimento tão estimado levando seu nome”, escreve Assange, observando que, com seus 687 “súditos leais”, a prisão de alta segurança de Belmarsh “endossa o recorde do Reino Unido como a nação com a maior população carcerária da Europa ocidental”.
“Durante a sua visita, terá oportunidade de saborear as delícias culinárias preparadas para os seus fiéis súditos com um generoso orçamento de 2 libras (2,28 euros) por dia”, denuncia.
“Saboreie as cabeças de atum esmagadas e as onipresentes formas reconstituídas que deveriam ser frango. E não se preocupe, porque ao contrário de instituições menores como Alcatraz ou San Quentin (nos EUA), não há banquetes coletivos. Em Belmarsh, os prisioneiros comem sozinhos em suas celas, o que garante o máximo de privacidade”, continua.
O jornalista também se refere às “oportunidades educativas” oferecidas pelo centro, como as frequentes filas na escotilha onde os presos coletam drogas “não para o uso diário”, mas para sair do confinamento.
Assange convida o monarca, que será coroado amanhã, a “prestar condolências” ao brasileiro e seu amigo Manoel Santos, homossexual que enfrentou deportação para o Brasil pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e tirou a própria vida a oito metros de sua cela “com uma corda grosseira feita com seus lençóis”.
No que diz respeito ao cenário, ele também não poupa os detalhes: “Delicie-se seus pitorescos corvos que fazem ninho no arame farpado e com as centenas de ratos famintos que habitam Belmarsh”, escreve.
“Eu imploro a você, rei Charles, que visite a prisão de Sua Majestade em Belmarsh, pois é uma honra digna de um rei”, diz a carta assinada por Julian Assange. E conclui: “Que a misericórdia seja a luz que guie seu reino, dentro e fora dos muros de Belmarsh”. EFE