O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin. EFE/Arquivo/Mario Guzmán

Vaticano diz que “há novidades” em missão de paz na Ucrânia, mas são “reservadas”

Cidade do Vaticano (EFE).- O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, considerou nesta quarta-feira que a missão para deter a guerra na Ucrânia anunciada pelo papa Francisco “seguirá adiante” e revelou que “há novidades”, mas que são de “caráter reservado”.

O mais alto representante da diplomacia vaticana assegurou que “há novidades”, mas “claro que em nível reservado” e opinou que a missão “seguirá adiante”, em declarações recolhidas pelos meios de comunicação vaticanos.

Sobre os “desmentidos” de Kiev e Moscou após o anúncio do papa sobre a existência da missão, Paolin especificou: “Não foram desmentidos, disseram que não sabiam de nada, mas depois houve contatos nos quais foi esclarecido por ambas as partes que se tratava de um mal-entendido”.

Parolin já havia confirmado que havia “uma missão em andamento”, mas que “ainda não era pública”, apesar de tanto Kiev como Moscou terem garantido que não sabiam do que se tratava.

“Estou disposto a fazer tudo o que precisa ser feito (pela paz na Ucrânia). Além disso, agora há uma missão em andamento, mas ainda não é pública. Veremos como… Quando for pública, contarei”, disse Francisco no voo de volta de sua recente viagem a Budapeste.

Em 2003, o papa João Paulo II empreendeu uma iniciativa de mediação para evitar a eclosão da Guerra do Golfo, mediação em que participou pessoalmente de encontros com o então primeiro-ministro britânico, Tony Blair, ou com o vice-primeiro-ministro iraquiano, Tariq Aziz.

João Paulo II fez uma última tentativa frustrada de impedir essa guerra, enviando o cardeal Roger Etchegaray a Bagdá para falar com o presidente iraquiano Saddam Hussein, enquanto o cardeal Pio Laghi foi enviado a Washington, onde foi forçado a passar horas em uma sala de espera sem nenhum resultado.

Etchegaray se reuniu com o presidente iraquiano, que, segundo o então núncio apostólico em Bagdá, cardeal Fernando Filoni, estava “disposto a negociar” e “aprovou assim uma lei contra armas de destruição em massa em 48 horas, por meio do Conselho de Sábios Tribais”.

A imprensa italiana fala de uma hipotética missão de dois cardeais enviados à Ucrânia e Rússia, entre eles Parolin e o secretário para as relações com os Estados, arcebispo Paul Richard Gallagher, ou ainda o prefeito para as Igrejas orientais, Claudio Gugerotti, que conhece bem o russo e o ucraniano. EFE