Qin Gang. EFE/Arquivo/KHALED ELFIQI

Nova Guerra Fria seria ‘desastrosa’ para relação com a Europa, adverte China

Copenhague (EFE).- O ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, advertiu nesta sexta-feira em Oslo contra o perigo de uma “nova” Guerra Fria que colocaria em risco o multilateralismo e prejudicaria as relações com a Europa.

“A Guerra Fria foi uma tragédia na história da humanidade. Se tivéssemos uma nova Guerra Fria, os resultados seriam ainda mais desastrosos e prejudicariam seriamente o relacionamento e a cooperação entre China e Europa e lançariam dúvidas sobre o multilateralismo”, disse Qin em uma entrevista coletiva ao lado da chanceler norueguesa, Anniken Huitfeldt.

Qin defendeu que China e Europa devem se unir para promover a cooperação entre as principais potências e destacou que o que o seu país oferece ao mundo são “seguranças, não riscos”.

A visita a Oslo encerra uma passagem pela Europa em que Qin Gang também visitou Alemanha e França e de onde, no entanto, fez um balanço positivo das relações com seu país.

“Sinto que a Europa tem um urgente desejo de aumentar a coordenação e a comunicação com a China e promover uma cooperação mutuamente benéfica”, disse.

Qin acrescentou que “enquanto Europa e China permanecerem comprometidas com a paz para a coexistência, permanecerem independentes, se engajarem na cooperação mútua e mantiverem o diálogo e a consulta, nossas relações poderão superar as dificuldades e alcançar um crescimento sustentado”.

A China está comprometida com a cooperação no Ártico e com o “respeito” aos direitos e jurisdições dos países da região, disse Qin, que defendeu o papel do Conselho Ártico, do qual seu país é observador e cuja presidência rotativa foi assumida ontem pela Noruega.

“A China não quer ser uma potência ártica nem quer enviar navios para a zona”, disse o ministro das Relações Exteriores chinês, que destacou, no entanto, a importância “global” daquela região em muitos aspectos, como as mudanças climáticas.

Na reunião anterior entre os dois ministros foram também debatidos temas como os direitos humanos, a situação de Taiwan e a guerra na Ucrânia, em que a Noruega pediu à China para desempenhar um papel ativo.

“A China desempenha um papel importante na redução da ameaça nuclear. É importante para todo o mundo. Peço à China que continue mantendo contatos com a Rússia para reduzir essa ameaça e acabar com a guerra”, disse Huitfeldt.

Qin assegurou que a prioridade principal é suspender o confronto armado na Ucrânia e exortou as partes a fazerem um esforço para se sentarem e negociarem, além de defender a necessidade de um acordo de segurança para toda a Europa.

O ministro das Relações Exteriores da China se reuniu anteriormente com o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Store. EFE