Cyril Ramaphosa. EFE/Andy Rain/Archivo

Presidente sul-africano propõe missão de paz de líderes africanos para a Ucrânia

Joanesburgo (EFE).- A África do Sul vai propor neste fim de semana aos presidentes de Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e Rússia, Vladimir Putin, o envio de uma “missão de paz de líderes africanos” para “encontrar uma solução pacífica” para a guerra na Ucrânia, anunciou nesta terça-feira o chefe de Estado sul-africano, Cyril Ramaphosa.

“Durante este fim de semana, apresentarei uma missão de paz de líderes africanos ao presidente (russo) Vladimir Putin e ao presidente (ucraniano) Volodymyr Zelensky através de chamadas telefônicas separadas”, disse Ramaphosa na Cidade do Cabo, durante entrevista coletiva conjunta com o primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong, que está visitando a África do Sul.

“Apresentarei esta iniciativa em nome dos chefes de Estado africanos de Zâmbia, Senegal, Congo, Uganda, Egito e África do Sul”, disse o presidente sul-africano, que garantiu que tanto Zelensky como Putin “já concordaram em receber” a missão em Kiev e em Moscou.

“O secretário-geral das Nações Unidas foi informado e acolheu a iniciativa”, acrescentou.

Segundo Ramaphosa, os líderes da África vão tentar desta forma “encontrar uma solução pacífica para o devastador conflito na Ucrânia, a perda de vidas humanas e o seu impacto no continente africano”.

O anúncio do presidente sul-africano ocorre depois que na semana passada a Embaixada dos Estados Unidos na África do Sul acusou o país de fornecer armas à Rússia, embora o diplomata tenha explicado mais tarde que suas palavras foram mal interpretadas.

Em resposta, Cyril Ramaphosa afirmou ontem que seu país mantém uma posição de “não-alinhamento” em relação à guerra da Rússia contra a Ucrânia.

Segundo Ramaphosa, a África do Sul busca com sua posição neutra “contribuir para a criação das condições que viabilizem uma resolução duradoura do conflito”, uma postura que em nenhum momento “favorece a Rússia em detrimento de outros países” nem pretende “pôr em perigo nossas relações com outros países”.

A posição da África do Sul não está ligada apenas ao papel estratégico político e econômico que Moscou tem em alguns países africanos, mas também a razões históricas como o apoio russo aos movimentos anticoloniais e de libertação do século XX, como a luta contra o regime segregacionista regime “apartheid”. EFE